O final da terça-feira, 09 de maio de 2017, foi agitado no mundo dos investimentos: surgiu a notícia de que o banco Itaú Unibanco, maior instituição financeira do país, estava querendo comprar uma grande parte da XP Investimentos, maior corretora do Brasil. Os números dessa transação são gigantescos – na manhã do dia 10 de maio, falava-se que o Itaú Unibanco compraria 49,5% da XP Investimentos por R$ 6 bilhões. Uma bela quantia para uma empresa que surgiu em 2001.
Como foi essa trajetória em que dois amigos, Guilherme Benchimol e Marcelo Maisonnave, um carioca e o outro gaúcho, construíram a maior corretora independente do país a ponto de ameaçar os maiores bancos brasileiros? Pode ter certeza de que nem tudo foi fácil pelo caminho: houve momentos de insegurança, medo e vontade de desistir.
Preparamos um infográfico sobre a história da XP Investimentos desde o nascimento do Guilherme até o dia de hoje em que XP e Itaú começaram as negociações.
O começo da vida profissional de Guilherme Benchimol
Guilherme nasceu no Rio de Janeiro no final da década de 1970 e se formou em economia na UFRJ. Ainda no Rio de Janeiro, foi contratado em para trabalhar na InvestShop, uma espécie de “supermercado de investimentos” do começo da internet brasileira. O trabalho do Guilherme era, justamente, atrair clientes para a plataforma da InvestShop. Muita gente diz que a ideia do Guilherme para criar a XP veio dessa sua experiência inicial de trabalho.
Embora trabalhando na InvestShop por pouco mais de um ano e ganhando conhecimento sobre o mundo dos investimentos, Guilherme foi surpreendido ao ser demitido em 2001. Ele estava com apenas 24 anos e a InvestShop sofreu as consequências da bolha da internet do ano 2000 – no ano seguinte, em 2001, a InvestShop seria comprada pelo Unibanco e reduziria sua atuação no mercado brasileiro de investimentos
Assim, ainda bastante jovem, Guilherme ficou sem emprego e sem dinheiro para se sustentar. Ele mesmo diz que foi uma “derrota pessoal” ter sido demitido tão jovem. Para começar uma nova vida longe do Rio de Janeiro e do fantasma da demissão, ele decidiu se mudar para Porto Alegre e trabalhar na Diferencial, uma corretora que havia conhecido durante seu trabalho comercial na InvestShop.
A mudança para Porto Alegre e a fundação da XP
Sabe aquela história de um evento na vida de uma pessoa que é determinante ou muito relevante para todo o seu futuro? Pois é: talvez essa mudança para Porto Alegre tenha sido o grande “ponto de virada” na vida do Guilherme. Isso porque, trabalhando na corretora Diferencial, ele conheceu o Marcelo Maisonnave, praticamente o único outro funcionário da empresa.
O Marcelo nasceu em Porto Alegre em uma família de imigrantes portugueses. Seu avô e seu tio avô criaram uma importante corretora de investimentos do Rio Grande do Sul — o próprio avô foi presidente da extinta bolsa de valores de Porto Alegre por diversos anos. Assim, de alguma forma, Marcelo sempre teve contato com o mundo de investimentos. Após se formar em economia, recebeu o convite para trabalhar na Diferencial, mesma corretora em que o Guilherme acabara de entrar.
Rapidamente, Guilherme e Marcelo perceberam que tinham em comum a vontade de atrair investidores e criar algo relevante no mundo dos negócios. Começaram então a pensar em algo para pessoas físicas investirem pela internet. E, como não se identificavam com o perfil da corretora Diferencial, decidiram que o melhor seria pedir demissão para criar a própria empresa.
Para fundar a XP Investimentos, Guilherme e Marcelo pegaram R$ 10.000,00 guardados, alugaram uma sala pequena em Porto Alegre e compraram computadores usados (algum tempo depois, o Guilherme teria que vender o próprio carro para colocar mais dinheiro na empresa). Mas o começo não foi fácil: a XP começou focada em ações e eles iam de porta em porta oferecendo ações para as pessoas investirem — e ninguém queria investir! Além disso, o momento da economia era muito ruim: em 2002 o dólar dobrou, a bolsa caiu muito e as pessoas estavam menos interessadas em investir na bolsa. Para piorar, um estagiário decidiu sair da XP e ir trabalhar em um banco para ganhar um salário melhor.
Com as economias acabando e sem conseguir ganhar dinheiro, Guilherme e Marcelo pensaram em fechar a XP Investimentos e desistir do negócio. Anos mais tarde, Guilherme confessaria que chegou a procurar um empréstimo para voltar para o Rio de Janeiro e buscar emprego. Antes disso, surgiu uma oportunidade que mudaria a vida da XP: alguns amigos de faculdade do Marcelo pediram para que ele e Guilherme dessem uma aula sobre como investir em ações. 20 pessoas foram à aula sobre investimentos.
No dia seguinte, das 20 pessoas, 18 quiseram abrir conta na XP para começar a investir. Guilherme e Marcelo perceberam que ensinar as pessoas a investir poderia ser um caminho para crescer. Foi o primeiro sinal de que a XP Investimentos poderia dar certo.
Acelerando o crescimento
Aquela primeira aula sobre investimentos revelou o modelo de negócios do começo da XP: dar aula sobre investimentos e, depois, vender ações para as pessoas investirem. Eles apostaram nesse modelo e começaram a fazer cursos em finais de semana, contrataram mais funcionários e abriram filiais em vários lugares do Brasil.
Em 2007, a XP Investimentos comprou a America Invest e se tornou uma corretora – até então, a XP era um escritório de agentes autônomos representando uma corretora de São Paulo. Esse foi o começo do crescimento acelerado da XP: em 2008, a empresa já tinha 300 escritórios afiliados em todo o Brasil e passou a oferecer diversos outros produtos de investimentos também. Em 2010, a XP já estava chamando atenção de grandes empresas nacionais e internacionais e os sócios venderam 20% da XP por R$ 100 milhões para o fundo de investimentos Actis.
XP Investimentos atualmente
Os últimos anos foram de grande crescimento para a XP e a empresa se tornou a maior corretora independente do Brasil. Em 2014, comprou a corretora Clear e, em dezembro de 2016, comprou a Rico, a segunda maior corretora do Brasil. Com isso, a XP Investimentos consolidou sua atuação no mercado de investimentos do Brasil e pisou no acelerador para ganhar cada vez mais mercado.
O plano da XP é se tornar um banco e passar a competir com as principais instituições financeiras do Brasil. Antes disso, a corretora vai fazer sua abertura de capital na bolsa (em inglês, “IPO”). Com isso, irá se capitalizar ainda mais para expandir suas operações e continuar crescendo.
Nesse meio tempo, Marcelo deixou a XP e passou a se dedicar a outras iniciativas na área de tecnologia aplicada a finanças (as chamadas “fintechs”). Ele se mudou para o Vale do Silício, nos Estados Unidos, e se tornou sócio de diversas outras empresas.
O momento agora é ficar de olho para ver como a XP Investimentos continuará a movimentar o mercado de investimentos do Brasil! E você pode ver todos os investimentos distribuídos pela XP pelo Yubb! É só clicar neste link.
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Fontes: Exame, Folha de São Paulo e Endeavor