Recentemente, alguns bancos centrais têm realizado movimentos no sentido de regular as stablecoins. Para especialistas, o que motiva essas entidades é tentar manter o domínio que hoje elas têm sobre as moedas fiduciárias tradicionais.
A China, por exemplo, está lançando sua própria stablecoin. Por outro lado, países africanos como Nigéria e Zimbábue têm usado cada vez mais stablecoins como Tether (USDT), USD Coin (USDC) e Binance USD (BUSD) para driblar a inflação.
O Brasil também está desenvolvendo a sua própria moeda digital. A previsão atual é de que o Real Digital entre em circulação em 2024. Clique abaixo e saiba mais a respeito.
Com toda essa movimentação mundial em torno desse ativo digital, fica uma pergunta: afinal, vale a pena investir em stablecoins? É o que veremos a seguir.
Como funcionam as stablecoins?
Para relembrarmos: as stablecoins são ativos digitais lastreados em outros ativos. Nesse sentido, os principais tipos de stablecoins são as seguintes:
Atreladas a moedas fiduciárias (Fiat-backed)
Também chamadas de Fiat-backed, essas são as stablecoins mais conhecidas. Normalmente, elas seguem o padrão 1:1, ou seja, 1 stablecoin corresponde a 1 unidade da moeda fiduciária. Nesse sentido, um exemplo é a Tether, que, teoricamente, corresponde ao dólar americano.
Atreladas a commodities
Nesse caso, o lastro das moedas digitais são as commodities. Normalmente, essas stablecoins utilizam metais como o ouro ou a prata, mas também podem ser utilizadas outras commodities, como o petróleo. Ou, até mesmo, uma cesta formada por várias commodities diferentes.
É importante observar que as moedas digitais com lastro em commodities se beneficiam caso ocorra valorização desses ativos ao longo do tempo. Isso acaba sendo um incentivo para que o investidor mantenha essas moedas na carteira.
Atreladas a criptomoedas
Existem também as stablecoins com lastro em outras moedas digitais. Isso faz com que essas moedas sejam mais descentralizadas do que as anteriores.
Nesse caso, os contratos inteligentes são os responsáveis pela emissão das stablecoins, sendo que a garantia não é de um único emissor, e sim de toda a rede que participa dessas negociações.
Algorítmicas
Por fim, essas moedas digitais não têm nenhuma relação com fiat, commodities ou criptomoedas. Em vez disso, elas são totalmente lastreadas por algoritmos e contratos inteligentes.
Na prática, funciona da seguinte forma: um sistema de algoritmos será responsável por reduzir a emissão de tokens se o preço da stablecoin cair abaixo do valor da respectiva moeda fiduciária. Quando o preço ultrapassar esse valor, serão emitidos novos tokens para reduzir o valor da stablecoin.
Alguns exemplos de stablecoins
As stablecoins mais conhecidas e procuradas são as que possuem lastro em dólar. A mais famosa delas é a Tether (USDT) e a segunda, a USD Coin (USDC), da corretora Coinbase. Outras também conhecidas são a Binance USD (BUSD), a Paxos Standard (PAX) e a True USD (TUSD).
Vantagens e desvantagens das stablecoins
Especialistas divergem entre as vantagens e desvantagens desse ativo digital. Primeiramente, veremos algumas vantagens das stablecoins:
Vantagens
São uma porta de entrada para os criptoativos
Muitas pessoas se interessam por ativos digitais, mas ainda têm medo das oscilações de criptomoedas como bitcoin, ethereum e outras altcoins. Como possuem menor volatilidade, as stablecoins podem fazer com que os investidores percam o receio das moedas digitais, para que comecem a diversificar o portfólio com criptomoedas.
Preservam o valor do dinheiro
Como vimos, muitas stablecoins são lastreadas em dólar ou euro. Por isso, são bastante úteis em economias que possuem moedas mais fracas. Uma vez que não precisam transitar por contas bancárias, muitos custos com taxas de transações acabam sendo evitados.
Agilizam as transferências entre exchanges
Quando o usuário deseja transferir de uma exchange para outra em moeda tradicional, primeiro ele precisa sacar o valor para, só depois, transferi-lo para outra instituição.
Porém, quando ele utiliza stablecoins para fazer essa transferência, a transação fica bem mais rápida e barata. Outro ponto positivo é que as moedas estáveis, dependendo do caso, também agilizam a compra de outros criptoativos em momentos oportunos de mercado.
São uma opção para o saldo parado na exchange
Imagine a seguinte situação: você acabou de vender as suas criptomoedas, e o seu dinheiro ficou parado na sua conta da exchange. Se você transferir os reais para a sua conta no banco, terá custos com a transação. Porém, por causa da segurança, você não quer deixar o dinheiro parado na exchange.
Uma alternativa para isso seria adquirir stablecoins e guardá-las em uma wallet. Aqui no Yubb, a gente já falou sobre diferentes formas de armazenar criptomoedas e ativos digitais. Confira no link abaixo:
Desvantagens
Por outro lado, alguns especialistas chamam atenção para o fato de que, nas stablecoins, o investidor não tem a garantia de que o emissor tenha de fato o depósito do lastro do ativo.
Além disso, o principal objetivo de uma stablecoin não é ser uma reserva de valor, mas sim facilitar as transações de criptoativos. Como vimos, as moedas estáveis agilizam transações entre diferentes criptomoedas, e são uma alternativa para que sua conta na exchange não fique com reais parados. Mas tudo isso diz respeito à operacionalidade das transações, e não à valorização do ativo em si.
Tanto nos smart contracts quanto nos protocolos DeFi (finanças descentralizadas), as stablecoins podem ser uma boa alternativa para movimentações financeiras. No entanto, elas não têm o mesmo potencial de valorização das criptomoedas descentralizadas. Por isso, o investimento nesses ativos dependerá muito mais do propósito de cada usuário.
No vídeo abaixo, o Bernardo também fala sobre as stablecoins. Aproveite e confira!