Títulos privados: conheça as diferenças entre eles

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Quando começamos a investir, acabamos nos deparando com várias terminologias complicadas, além de muitas siglas que acabam confundindo. Para ajudar você, leitor do Yubb, decidi falar neste artigo sobre os principais títulos privados que costumamos encontrar em corretoras e no próprio Yubb: CDB, LCI, LCA, LC, RDB e debêntures.

Primeiramente, é importante entender o que são títulos privados.

O que são títulos privados?

Você já deve ter ouvido falar no Tesouro Direto, que é um programa do Governo Federal criado para a negociação de títulos públicos. Eles são assim chamados porque são emitidos pelo Estado, no caso pelo governo federal.

Os títulos privados, por sua vez, são emitidos por outras instituições, como bancos, financeiras ou empresas em geral. Quando essas empresas precisam de recursos financeiros para realizar algum projeto, elas emitem títulos privados para captar dinheiro de investidores.

Em troca, devolvem esse valor depois de determinado período, acrescido de juros. Esses títulos são considerados investimentos de renda fixa, pois você já sabe desde o início qual será a taxa de rentabilidade.

Essas taxas podem ser prefixadas, atreladas à inflação (IPCA, IGPM ou outro índice) ou atreladas ao CDI.

No título prefixado, você já sabe a qual será a taxa de rentabilidade anual. Ela pode vir indicada, por exemplo, 9% ao ano. No título atrelado à inflação, há uma taxa prefixada mais a variação do IPCA/IGPM. Exemplo: 5% + IPCA ao ano. No título atrelado ao CDI, você recebe um percentual da taxa DI, que acompanha de perto a Taxa Selic (que é a taxa básica de juros do nosso país).

O valor da taxa DI pode ser encontrado no site da Cetip. No momento, ela está em 7,39%, ou seja, se o seu título fosse de 100% do CDI, ele estaria rendendo 7,39% ao ano no momento.

É importante saber que a variação do CDI também afeta sua rentabilidade, mesmo com o investimento já contratado. Se o CDI diminuir, sua rentabilidade também diminui. Se o CDI subir, sua rentabilidade aumenta.

Esses títulos são rentabilizados todos os dias úteis, ao contrário da caderneta de poupança, que rende somente quando completa 1 mês de investimento. Porém, normalmente eles não têm liquidez, ou seja, você não pode resgatar quando quiser.

Alguns bancos até emitem títulos com liquidez diária, mas não são os mais comuns e costumam render menos.

Outra questão é que, enquanto na caderneta de poupança não há valor mínimo para investir e no Tesouro Direto é possível com apenas R$ 30,00, os títulos privados costumam exigir valores mais altos, normalmente a partir de R$ 5.000,00. No entanto, alguns bancos permitem investimentos a partir de R$ 1.000,00, R$ 500,00 ou até mesmo R$ 1,00, como é o caso do Banco Sofisa.

Todas essas características são comuns entre os títulos privados. Portanto, vejamos a seguir quais são as diferenças.

Quais as diferenças entre os títulos privados?

Agora que já vimos todas as características básicas de um título privado, vamos ver as peculiaridades de cada um dos investimentos em CDB, LCI, LCA, LC, RDB e debêntures.

O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é o mais comum de todos e, provavelmente, o gerente do seu banco já deve ter oferecido esse investimento, né?

Uma característica dele que não está presente em todos os outros títulos é a cobrança de imposto de renda.

O CDB segue a mesma tabela de alíquotas dos títulos públicos, que é:

  • 22,5%, para resgates em até 6 meses.
  • 20,0%, para resgates entre 6 meses e 1 ano.
  • 17,5%, para resgates entre 1 e 2 anos.
  • 15,0%, para resgates em mais de 2 anos.

Vale lembrar que o IR incide somente sobre o lucro do investimento. Portanto, se você investiu R$ 500,00 e rendeu R$ 100,00, você pagará o imposto sobre R$ 100,00, não sobre R$ 600,00.

O RDB (Recibo de Depósito Bancário) funciona igual ao CDB, com a diferença de que é um título inegociável e intransferível, ou seja, você deve necessariamente ficar com ele até a data de vencimento.

A LC (Letra de Câmbio) funciona exatamente igual ao CDB, mas, enquanto o CDB é emitido por bancos, a LC é emitida por financeiras. Para o investidor, não há nenhuma diferença.

A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) tem as mesmas regras do CDB, mas não sofre incidência de imposto de renda, porque é um título incentivado pelo governo federal.

Como a destinação de seus recursos é para fomentar o mercado imobiliário, o governo permite a isenção do imposto de renda para atrair mais investidores.

A LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) é exatamente igual à LCI, sendo também incentivada, mas com a diferença de ser destinada ao agronegócio, que também é importantíssimo para o governo.

Do ponto de vista do investidor, não importa muito a destinação dos recursos. O mais importante é verificar o que está rendendo mais e que tenha vencimentos de acordo com suas necessidades.

Devo também destacar a segurança: os investimentos em CDB, LCI, LCA, LC e RDB são cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Em caso de quebra do banco, o FGC garante o valor de até R$ 250.000,00 por CPF e por instituição financeira.

Portanto, caso você tenha um valor superior a isso, não receberá de volta, sendo mais indicado que você diversifique entre bancos diferentes.

Por fim, as debêntures são também bem parecidas com o CDB, mas são emitidas por empresas não financeiras. Elas podem sofrer incidência do imposto de renda ou não.

As que não cobram imposto de renda são denominadas debêntures incentivadas, pois são destinadas a obras de melhoria pública e, portanto, são de interesse do governo federal.

A principal diferença aqui é que elas não têm a garantia do FGC. Por esse motivo, você deve ficar muito atento à saúde financeira da empresa emissora, pois o risco acaba sendo maior.

Algumas debêntures têm garantias de alienação de bens, mas esse tipo de garantia pode ser muito mais burocrático e demorar anos para reembolsar o investidor.

Considerações finais

Neste artigo, você aprendeu todas as características básicas dos títulos privados. Essa sopa de letrinhas pode ser bastante confusa no início. Porém, com o tempo, tenho certeza de que você vai se familiarizar e vai escolher seus investimentos da maneira mais adequada para o seu perfil.

Para facilitar, veja este infográfico com as principais diferenças entre esses investimentos:

Títulos privados: diferenças

Gostou de aprender as diferenças entre os títulos privados? Caso tenha qualquer dúvida, deixe um comentário que responderei o mais breve possível =)

Vitor Hernandes

Vitor Hernandes é paulistano e tem 28 anos. Fundador do blog Jornada do Dinheiro. Pós-graduando em Finanças, Investimentos e Banking (FIB) pela PUC. Tradutor de formação, investidor por vocação e educador financeiro como missão de ajudar a população brasileira. Eterno aluno, pois sempre há algo novo a aprender, estuda educação financeira e investimentos por hobby, além de atuar no mercado financeiro desde 2011. Os fundos imobiliários são seus investimentos preferidos.

 

As opiniões expostas neste artigo são baseadas na visão do autor e não necessariamente refletem o entendimento do Yubb.