Depois de quase seis anos em queda, a Selic voltou a subir em março de 2021. E, pelo que sinalizou o Comitê de Política Monetária (COPOM), a alta de 0,75% é só o início de uma série de reajustes que a taxa básica de juros deverá sofrer nos próximos meses.
Mas afinal, por que o COPOM subiu os juros? Quais os efeitos disso na economia e nos investimentos? É o que saberemos a seguir, continue a leitura e confira!
Afinal, por que a Selic subiu?
Para respondermos essa pergunta, primeiro precisamos saber o que é e para que serve a Selic na economia.
A Selic é a taxa básica de juros do Brasil. Ela serve de parâmetro para todas as taxas praticadas no mercado financeiro do país, desde empréstimos bancários até rendimentos de aplicações financeiras.
Quem define a Selic é o COPOM, por meio de reuniões que acontecem a cada 45 dias. A finalidade principal da Selic é o controle da inflação, pois uma alta de preços muito acentuada pode desestabilizar e prejudicar a economia do país.
Clique aqui e entenda quais os efeitos da inflação na economia.
Entendendo a decisão do COPOM
Basicamente, funciona da seguinte forma: em momentos de alta de preços, uma das coisas que o governo faz para frear a inflação é aumentar a taxa de juros. Isso porque, com o dinheiro mais caro, as pessoas se sentem menos motivadas para comprar.
Foi isso o que o COPOM fez em março, pois a inflação no país está em alta. Em 2020, o IPCA (índice oficial da inflação no Brasil) fechou em 4,52% e, por enquanto, a expectativa é de que encerre 2021 em patamar ainda maior.
Com a Selic em alta, o que acontece com os investimentos?
De forma geral, quando existe expectativa de alta de juros, os investimentos pós-fixados tendem a ser mais atrativos do que os prefixados. Vejamos o que significa isso.
Prefixado x pós-fixado
Os investimentos pós-fixados são aqueles que seguem um benchmark, que pode ser a taxa de juros (Selic ou CDI) ou algum índice do mercado financeiro, como o próprio IPCA, por exemplo. Logo, o rendimento desses investimentos será conhecido somente ao final do prazo da aplicação, ou no momento que o investidor realizar o resgate dos recursos.
Um dos investimentos indicados em períodos de inflação alta é o Tesouro IPCA. Neste artigo, entenda como funciona.
Já os investimentos prefixados são aqueles que têm os seus rendimentos determinados por uma taxa fixa. Dessa forma, se você contratou um CDB a 2% ao ano, por exemplo, será esse o rendimento bruto da aplicação, independentemente de qualquer alta ou queda da taxa de juros no período.
É por esse motivo que, em tempos de alta de juros, aplicações pós-fixadas tendem a ser o mais adequado em termos de rentabilidade.
Mas atenção: há outros fatores a serem considerados!
Como vimos, a alta da Selic acaba estimulando a renda fixa, em especial a pós-fixada. No entanto, isso não significa que o mercado de renda variável vá perder a atratividade para o investidor em termos de ganhos.
Ao contrário, mesmo que a alta da Selic confirme a expectativa de superar 4% no final de 2021, investir em ações, fundos imobiliários ou outras modalidades de renda variável ainda pode proporcionar rentabilidades bem mais interessantes. Isso porque a Selic está hoje em um patamar muito inferior de alguns anos atrás, quando chegou a superar dois dígitos.
Naquela ocasião, fazia sentido as pessoas procurarem mais pela renda fixa do que por investimentos na bolsa. Afinal, com a taxa básica de juros tão alta, para que se arriscar na renda variável, não é mesmo?
Porém, dessa vez, por mais que a Selic suba, ainda ficará muito distante do antigo patamar. Logo, as possibilidades de maiores ganhos ainda estão com os investimentos de renda variável.
Para você ter uma ideia do potencial de rentabilidade da renda variável, veja neste artigo quanto renderam os fundos imobiliários (FIIs) de papel que tiveram as melhores performances em 2020.
A queda da Selic e a reserva de emergência
Outro ponto importante a considerar é que a queda da Selic não deve influenciar na hora de montar a reserva (ou fundo) de emergência. Isso porque são esses os recursos que garantirão o socorro ao investidor em momentos de imprevistos financeiros.
Ou seja, a prioridade dessas aplicações não é a rentabilidade, e sim o seu potencial de liquidez imediata quando for preciso realizar algum saque. Nesse sentido, as clássicas indicações são o Tesouro Selic, os CDBs de liquidez diária e os fundos de renda fixa DI.
Neste artigo, conheça os melhores investimentos de liquidez diária para a sua reserva de emergência.
Conclusão
Por tudo que vimos, embora a alta dos juros favoreça investimentos pós-fixados, não há uma resposta única nesse momento sobre o melhor tipo de investimento com a Selic em alta. É necessário continuar acompanhando o mercado para ver se, de fato, a alta dos juros conseguirá controlar a inflação e trazer mais estabilidade para a economia.
Mas, como dissemos, por mais que os juros subam nesse momento, a renda fixa não será tão atraente quanto no tempo da Selic acima de dois dígitos. Por isso, em termos de rentabilidade, a renda variável continua sendo a melhor opção para o investidor.
Esperamos ter lhe ajudado a entender a alta da Selic. Se tiver dúvidas, mande seus comentários que lhe responderemos!