Com uma taxa tão atípica que tivemos em 2020, o que esperar dela em 2021?
Boa pergunta, Yubber! Seria muito fácil se pudéssemos prever importantes indicadores da nossa economia, mas não é tão simples assim.
O mercado, então, por não ter esse poder de adivinhação, calcula algumas expectativas, de acordo com métricas relevantes para a formulação.
E qual a previsão da taxa de juros para esse ano? O que esperar dela?
É o que vamos ver hoje, mas antes, que tal relembrarmos alguns acontecimentos de 2020 para nos ajudar na construção do raciocínio?
Acontecimentos importantes de 2020
Coronavírus
Esse, eu nem precisaria dizer.
Que ano, ein, Yubber?! Quem imaginaria que isso tudo iria acontecer? Primeiro, começaram as notícias retratando os casos na China, e muitos estavam desacreditados na possibilidade disso se tornar uma pandemia.
Mas, diante de um mundo tão globalizado como o nosso, é difícil pensar apenas em uma concentração viral em território nacional. A todo instante há pessoas se movendo de um lugar para o outro.
E “Boom”, a bolsa de valores despencou. Quando? Em março de 2020. O mercado entendeu a sensibilidade do cenário quando o vírus começou a se alastrar mundialmente.
Saúde X Produtividade
Depois, entrou-se em uma longa discussão.
“Entrar em quarentena ou não?”
O fato é: a quarentena aconteceu, além do mais, muitos estabelecimentos foram proibidos de funcionar – apenas estabelecimentos fornecedores de bens essenciais que não.
Com isso, houve o grupo que apoiava a ação, e o grupo que não.
Muitas empresas, por não poderem funcionar, entraram em um processo de demissão em massa. E algumas, mesmo funcionando, também fizeram algumas demissões por conta de toda a incerteza e instabilidade, além da queda de demanda do mercado.
Resultado? Desemprego, baixa produtividade, e queda também de oferta.
Auxílio Emergencial e Saque FGTS
Com o intuito de dar suporte para alguns grupos de pessoas, como trabalhadores informais, cidadãos de baixa renda, MEI (Microempreendedor Individual), o governo ofereceu o auxílio emergencial.
O FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) também foi liberado, com algumas regras para saque.
Com essas duas políticas adotadas, foram injetados bilhões de reais na economia. Essa injeção de liquidez fez com que o consumo desse uma retomada.
Mas, lembra que algumas empresas fecharam, e outras continuaram funcionando, mas com capacidade reduzida? Pois é… consumo aumentou, mas a produtividade não acompanhou. Resultado? Escassez e inflação.
Escassez de produtos
Yubber, para que o produto chegue até você, ele passa por toda uma cadeia produtiva. Então, muitos produtos finais começaram a faltar em vários estabelecimentos, pois havia carência de um objeto primário do processo de produção: matéria-prima.
Sim, muitos setores industriais foram afetados, pois não haviam os recursos necessários para produção, ou seja:
Falta de matéria-prima = menos produtividade = menos produtos em circulação = escassez = inflação.
Com essa falta de matéria-prima, e consequentemente o produto final, os preços começaram a subir, pois a demanda tinha dado uma aquecida, mas a produtividade não estava no mesmo ritmo.
Inflação controlada? Fantasia
De acordo com uma série de reportagens e pesquisas, muitas pessoas começaram a relatar que estavam sentindo o aumento dos preços.
Os resultados isolados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) dava a impressão de que a inflação estava controlada, mas aqui vai um detalhe importante:
O IPCA é calculado em cima de uma cesta de produtos, abrangendo várias categorias, de vários setores da economia, e o resultado dele nada mais é que uma média ponderada de cada um, portanto, analisar o resultado isoladamente pode dar a falsa impressão de que está tudo bem.
Não é à toa que as pessoas estavam reclamando dos preços dos produtos.
Outro ponto que também influenciou isso foi o aumento do dólar. Muitos insumos são dolarizados, o que afeta, portanto, o preço. Além do mais, com o preço do dólar mais alto, fica mais atraente para algumas empresas exportarem.
Selic em sua mínima histórica x Rendimento real
A Selic também alcançou seu patamar histórico, fechando o ano de 2020 em 2%.
Bom, ela não faz muito sentido para um país emergente como o Brasil, mas essa medida foi tomada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) com o intuito de minimizar os efeitos da crise, pois com a Selic baixa, a economia é estimulada. Essa é uma das políticas monetárias mais conhecidas.
E aqui um outro detalhe: tivemos uma inflação maior que a Selic, o que significa que o rendimento real de uma série de produtos de investimentos em renda fixa foi negativo.
Mas, afinal, qual o cenário da Selic para 2021?
A projeção feita pelo boletim focus na quarta semana de Janeiro de 2021 é:
Boletim Focus | 2021 | 2022 | 2023 | 2024 |
Meta Taxa Selic (% a.a) | 3,25% | 4,75% | 6,00% | 6,00% |
São projeções exatas? Como eu disse lá no início: não.
São apenas projeções, podendo serem próximas ou não do cenário futuro, sendo o futuro o único momento em que saberemos efetivamente como isso irá, de fato, se cumprir.
O boletim focus é divulgado toda semana pelo Banco Central, e há uma série de dados importantes da nossa economia que também estão presentes nele, portanto, eu recomendo que o acompanhe.
Para te ajudar, vou deixar AQUI o link para você se cadastrar no site do Banco Central e receber o relatório semanalmente.
Alguns especialistas do mercado acreditam em uma projeção com um aumento um pouco acima do boletim focus, o que traz uma maior preocupação.
Essa preocupação se dá pelo fato de que os juros das dívidas que o governo paga são definidos pela taxa Selic. Logo, se a Selic aumenta, consequentemente a dívida do governo aumenta também, e se tem uma coisa que ele fez em 2020, foi se endividar.
O fato é: manter a Selic baixa por mais tempo não faz muito sentido, afinal, a inflação em 2021 já “chegou chegando”.
E por que aumentar a Selic? Porque ela é uma das medidas para conter a inflação. Com o aumento da Selic, o estímulo é reduzido. Dê uma olhada na representação abaixo, mostrando tanto os efeitos da redução, quanto do aumento dela.
Mas, também há quem acredite que o Copom pode reduzir ainda mais a Selic, se ele achar que o Brasil ainda precisa de estímulo.
Bom, a verdade é que o que nos resta é especular. Somente saberemos os valores quando os resultados forem divulgados.
Vamos conversar, Yubber? Qual cenário você imagina para 2021?