Em março, fez um ano que a Selic começou a subir, depois de quase dois anos de juros em queda. E, de acordo com a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, teremos, no mínimo, mais uma alta da Selic nos próximos tempos.

Mas até quando irá a alta dos juros? Será que vale a pena investir em renda fixa nesse momento? Se você também tem dúvidas a respeito, continue a leitura e confira o que especialistas têm a dizer nesse momento.

Selic alta: quais as expectativas para os investimentos?

Recentemente, o Yubb fez um levantamento sobre os investimentos mais buscados no Brasil no primeiro trimestre desse ano.

Nosso estudo apontou uma mudança radical no comportamento do brasileiro. Isso porque, em março de 2021, as aplicações mais demandadas eram ações, fundos de ações e fundos multimercado. No entanto, em março desse ano, os títulos de renda fixa como Tesouro Direto, CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio) passaram a ser as modalidades que mais despertaram o interesse dos investidores por aqui.

Esse comportamento é perfeitamente explicável. Por um lado, a Selic alta aumenta custo do financiamento de forma geral. Isso se reflete em ações, fundos imobiliários (FIIs) e em praticamente todo o mercado de renda variável.

Por outro lado, os juros altos voltam a favorecer as aplicações mais conservadoras que relacionamos acima. Afinal, com a Selic alta, há chances de ganhos maiores sem precisar assumir o risco da renda variável, e esse é um excelente apelo para qualquer investidor.

Os cenários doméstico e internacional contribuem para os juros em alta

Outro ponto a ser considerado é o cenário mais turbulento e desafiador pelo qual o Brasil passa hoje. Nesse sentido, ainda há muita incerteza sobre os gastos públicos, e ainda há eleições se aproximando. Tudo isso representa risco para o investidor, e contribui para que a Selic se mantenha alta.

Há alguns dias, o Bernardo conversou com o Estadão sobre o tema. Para o nosso fundador, além dos motivos acima, o cenário internacional também influencia no movimento de retorno à renda fixa. Nesse sentido, vimos as commodities pressionadas por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, o que fez os preços desses itens dispararem em todo o mundo. Esse também é outro fator que motiva os bancos centrais a manterem os juros em alta, no intuito de controlar a inflação.

“Esse conflito trouxe uma grande valorização do petróleo, que é a principal commodity do mundo e a maior responsável no aumento dos custos nas cadeias globais de suprimentos e distribuição. Isso significa que, com uma elevação ainda maior dos juros globais, há uma deterioração dos investimentos de renda variável e maior atratividade de títulos de renda fixa pública e privada”, disse Bernardo ao Estadão.

Para nosso CEO, o principal desafio dos investidores é entender se os rendimentos da renda fixa superam hoje a inflação. Nos últimos 12 meses (entre abril de 2021 e março de 2022), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em quase 11,5%.

“Se estiver abaixo, significa que o dinheiro está perdendo o seu poder de compra, ou seja, o que ele consegue comprar hoje, não vai conseguir no futuro. Por isso, aproveitar a alta da renda fixa é bom no curto prazo, apenas. Porque a renda fixa deve ser usada para proteger o patrimônio, mas quem fará o patrimônio crescer é a renda variável”, afirmou ao Estadão.

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E em que tipo de renda fixa investir nesse momento?

Em um cenário de inflação, é muito importante buscar proteção contra a desvalorização do dinheiro. Nesse sentido, investir em renda fixa atrelada a algum índice inflacionário (o mais comum nos investimentos é o IPCA) é uma boa alternativa de renda fixa para o momento.

O título mais conhecido atrelado à inflação é o Tesouro IPCA+, aplicação de longo prazo que tem parte da remuneração fixa e parte vinculada à evolução do índice. Além de garantir rendimento acima da inflação, o Tesouro IPCA+ é um dos investimentos mais seguros do mercado, pois quem emite esse título é o próprio governo federal.

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Atenção aos títulos prefixados!

Segundo especialistas, outro ponto importante para o qual o investidor deve estar atento é em relação à renda fixa prefixada.

Como vimos, o Copom ainda deverá aumentar os juros e, dependendo da inflação, esse ciclo de alta pode perdurar em mais duas ou três reuniões do conselho.

No entanto, o Banco Central já sinalizou com o fim do aperto monetário. Isso porque, no médio prazo, as expectativas com a inflação já estão mais baixas.

Em recente entrevista ao portal Eu Quero Investir, Denis Wiese – head de Renda Fixa da EQI Investimentos – disse que o momento é bom para juros prefixados. Além disso, orientou investidores a alongar o prazo de alguns investimentos, para conseguir aproveitar as atuais taxas.

“Tudo indica que teremos juros menores no Brasil. Por isso, se conseguirmos alongar o prazo dos investimentos, as taxas serão melhores do que as de daqui a um ano ou mais”, disse o head da EQI.

Wiese ainda deu o exemplo de investidores que têm CDBs que vencerão nos próximos 12 meses. Nesses casos, a sugestão é de não esperar o titulo vencer para já fazer um investimento para cinco anos, por exemplo.

“Nesse caso, se o investidor resgatar antecipadamente esse CDB, pagará um pênalti, normalmente um deságio de 5%. Mas matematicamente vale a pena assumir esse deságio momentâneo. Isso porque, em cinco anos, ele recupera o valor pago e consegue ganhar ainda mais”, explica Wiese.

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