Se você está começando a investir, possivelmente tenha dúvidas sobre como diferenciar rendimento bruto e rendimento líquido de uma aplicação.

Pensando nisso, preparamos este material com alguns conceitos importantes que lhe ajudarão a entender a diferença entre ambos e, também, a calcular os rendimentos dos seus investimentos. Confira a seguir!

Rendimento bruto e rendimento líquido: qual a diferença?

Quando falamos em rendimento bruto, estamos nos referindo à taxa nominal do investimento. Por exemplo, se você contrata um CDB prefixado a 2% ao ano, ou um pós-fixado a 110% do CDI, ambos os percentuais serão o rendimento bruto (ou taxa nominal) da aplicação. Essa taxa é a que constará no contrato do investimento.

O rendimento bruto serve para comparar investimentos semelhantes. Ou seja, se um banco oferece CDB a 105% do CDI, e outro a 110% do índice, você consegue saber que a segunda alternativa é a mais vantajosa.

Porém, atenção! O rendimento bruto vai lhe auxiliar a escolher a melhor alternativa, mas não vai lhe mostrar o quanto você ganhará de fato com a aplicação. Para saber qual será o seu ganho, é preciso calcular o rendimento líquido. 

E como calcular o rendimento líquido?

É simples. O rendimento líquido é o ganho bruto (prefixado ou pós-fixado) deduzido dos seguintes itens:

Impostos

Sobre o rendimento das aplicações, incide o Imposto de Renda (IR) que é cobrado de acordo com a tabela regressiva de renda fixa. As alíquotas dependerão do prazo do investimento, e serão as seguintes:

Prazo da aplicaçãoAlíquota IR
Até 180 dias22,5%
De 181 a 720 dias20%
De 721 a 360 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

É importante observar que, além do IR, haverá cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) se ocorrerem resgates em um prazo inferior a 30 dias do início da aplicação. Em alguns casos, o IOF é fixo; em outros, o desconto vai incidir sobre a rentabilidade, variando de forma proporcional ao tempo do investimento.

A alíquota do IOF inicia em 96% e vai reduzindo até chegar a zero, no trigésimo dia da aplicação, conforme tabela abaixo:

Taxas e custos

Além dos impostos, alguns investimentos como fundos, ações e outros de renda variável possuem taxas e custos adicionais. Vejamos quais são os mais comuns:

Taxa de administração

A taxa de administração é o valor cobrado pelo fundo de investimento para remunerar o trabalho do gestor. Isso porque há diversos custos envolvidos na elaboração, comercialização e gestão de um fundo de investimentos, e a cobrança dessa taxa é o que viabiliza o serviço prestado pelo fundo.

A taxa de administração varia conforme o investimento, e costuma ser mais elevada nos fundos de gestão ativa, uma vez que esses demandam atuação mais constante do gestor.

Taxa de performance

Além da taxa de administração, alguns fundos de investimento cobram a taxa de performance. Como o próprio nome diz, essa taxa é paga ao gestor como uma recompensa pelo fato de o fundo ter superado os ganhos esperados.

Normalmente, a taxa de performance é de 20% sobre o valor que superar o benchmark da aplicação, e é cobrada dos cotistas a cada seis meses.

Taxa de corretagem

Toda pessoa que desejar investir na bolsa, precisará fazer isso por meio de uma instituição que, normalmente, é uma corretora ou uma distribuidora.

Para realizar as ordens de compra e venda, tanto as corretoras quanto as distribuidoras cobram pelos seus serviços. Essa cobrança é a taxa de corretagem.

No entanto, essa prática tem mudado e, atualmente, muitas instituições não têm cobrado a taxa de corretagem. Normalmente, negocia-se essa isenção mediante algum volume mínimo de operações. Por isso, vale a pena pesquisar bastante antes de escolher uma instituição para operar em renda variável!

Emolumentos da bolsa de valores

Os emolumentos cobrados pela bolsa referem-se aos custos que envolvem o registro das operações e a guarda das respectivas informações. Eles incidem sobre cada operação de compra e venda realizada na bolsa. A cobrança corresponde a um percentual da operação. Dois exemplos de emolumentos são a taxa de liquidação cobrada pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) e o Imposto sobre Serviço (ISS).

Efeitos inflacionários

Por fim, para calcular o rendimento líquido de uma aplicação, é muito importante levar em conta os efeitos da inflação na desvalorização do dinheiro.

Um dos melhores exemplos disso é a caderneta de poupança. Em 2020, o rendimento bruto da poupança foi de 2,11%. Porém, no ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial da inflação no Brasil, atingiu 4,52% no acumulado do ano.

Em outras palavras, quem tinha aplicações na poupança viu o seu dinheiro desvalorizar 2,41% no ano passado. Se foi esse o seu caso, clique aqui e veja algumas dicas para sair da poupança e rentabilizar os seus investimentos.

Conclusão

Como vimos no início, o rendimento bruto lhe ajudará a escolher investimentos idênticos em diferentes instituições financeiras. Porém, nunca compare a taxa nominal de modalidades diferentes.

Isso porque cada aplicação tem as suas peculiaridades. Por exemplo, investimentos como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs) são isentos de imposto de renda. Logo, mesmo que a sua taxa nominal seja inferior à de um CDB, é possível que, ainda assim, elas sejam mais rentáveis por não possuírem o IR sobre os rendimentos.

Outro ponto importante é analisar todos os custos que envolvem as aplicações financeiras. Os exemplos acima são os que você encontrará com mais frequência, mas também existem outros, que dependerão das especificidades de cada investimento.

Deu para entender a diferença entre rendimento bruto e rendimento líquido? Caso tenha alguma dúvida, mande suas perguntas que a gente responde!