Com a constante redução da taxa SELIC, atualmente em 6,75%, os investimentos de renda fixa têm perdido muito sua atratividade. Embora o investidor não deva se guiar somente pela taxa de rentabilidade, é evidente que a maioria acaba buscando aplicações mais rentáveis para seu dinheiro. Por esse motivo, o que temos visto é uma constante subida das ações na bolsa de valores. Mas como funciona investir em ações?
Neste artigo, separei 5 dicas para você que está querendo entrar nesse “novo mundo”. Antes de começar, dê uma olhada no infográfico e depois continue lendo o texto!
1) Invista somente o que não lhe fará falta
Infelizmente, as pessoas costumam olhar para a bolsa de valores somente quando as ações já se valorizaram bastante, e por motivos errados.
Normalmente, não investem pensando no valor que as empresas podem gerar, mas somente pensando em quanto podem lucrar com a valorização das ações em relação aos ganhos da renda fixa.
O que você deve ter em mente é que não investirá em ações em vez de títulos de renda fixa, mas sim ambos devem existir em conjunto em sua carteira de investimentos.
Cada tipo de investimento deve servir para determinados objetivos.
Por exemplo, antes de investir em ações, é essencial que você tenha formado sua reserva de emergência em renda fixa.
Isso porque as ações são investimentos muito voláteis e, caso você precise do dinheiro, pode acabar tendo que vender com prejuízo.
Além disso, ações representam partes de empresas, que podem tanto crescer quanto vir à falência, fazendo com que os preços das ações virem zero.
Portanto, as ações devem ser vistas como investimentos de longo prazo (normalmente para a aposentadoria), e não para tentar ganhos rápidos em poucos meses.
2) Defina suas estratégias
Dentro do investimento em ações, existem diversas estratégias que você pode utilizar.
Os dois principais caminhos que existem são “trading” e “buy & hold”.
O trading segue mais uma linha de especulação de preços, normalmente apoiada em análise técnica, para acompanhar a tendência dos preços por meio de gráficos.
O objetivo da estratégia é tentar lucrar em períodos mais curtos, puramente com a valorização (ou desvalorização) das ações.
É uma estratégia de alto risco e que requer um acompanhamento mais próximo do mercado, pois os preços variam a todo momento.
Já a estratégia buy & hold defende a compra de ações por meio de uma análise fundamentalista, ou seja, leitura dos balanços e da qualidade das empresas.
O objetivo dela é um ganho de longo prazo, tanto por meio da valorização das ações (que costuma ocorrer conforme a empresa cresce) quanto pelo recebimento de dividendos, que são as distribuições de parte do lucro da empresa para os acionistas.
A ideia é acumular uma quantidade significativa de ações que permita que você consiga manter sua aposentadoria somente com os rendimentos distribuídos, sem que precise ficar vendendo as ações.
Essa estratégia é, portanto, mais passiva. Você não precisa acompanhar o mercado com tanta frequência, bastando acompanhar as empresas selecionadas mensalmente ou até mesmo anualmente.
Muitos defendem que essas duas estratégias são excludentes em relação à outra.
Eu discordo. Acredito que uma pessoa pode sim utilizar ambas as estratégias, definindo percentuais para cada uma.
Por exemplo, pode traçar que utilizará 90% para comprar ações de longo prazo e destinar 10% para operações de trading.
Cabe a cada um definir o que melhor se encaixa para seu próprio perfil.
O que não julgo aconselhável é fazer 100% trading, pois aí você deixa a totalidade da sua carteira como puramente especulativa, aumentando demais seu risco.
3) Abra conta em uma corretora de valores
Depois de definida a sua estratégia, você precisará abrir uma conta em uma corretora de valores.
Caso você já tenha investimentos em renda fixa, provavelmente já opera com uma corretora.
No entanto, existem corretoras mais focadas em produtos de renda fixa e outras em renda variável.
Assim como existem corretoras com pacotes interessantes de taxas de corretagem (taxa para compra e venda de ações) para quem pretende operar muito.
Analise bem os custos de cada corretora para saber qual é a mais interessante para o seu caso.
Quando estamos começando, os custos operacionais costumam impactar muito em nossos investimentos.
4) Tome cuidado com a diversificação
Algo que você ouvirá muito daqui para frente é: diversifique!
Porém, um erro muito comum do investidor iniciante é querer diversificar demais logo quando está começando.
Muitos, inclusive, acabam partindo para investimentos como ETFs, com a justificativa de que é a melhor opção para começar com uma carteira bem diversificada.
ETFs nem sempre são uma boa opção!
Eles são também conhecidos como fundos de índices, que compram ações de várias empresas que formam determinados índices.
O ETF mais famoso é o BOVA11, que busca compor em seu portfólio as ações do Ibovespa.
No entanto, o grande problema de se investir dessa maneira é que esses fundos não focam em comprar as boas empresas, simplesmente compram todas que compõem os índices.
E esses índices costumam ter empresas boas, médias e ruins, fazendo com que sua carteira fique prejudicada.
Então, como diversificar bem, se os custos operacionais acabam consumindo grande parte do dinheiro?
Você não precisa já começar seu primeiro mês com 20 ações na carteira.
Para investir em ações, defina quantas e quais deseja ter em sua carteira e compre somente uma diferente por mês (talvez duas, se preferir).
Quando nosso capital é baixo, a diversificação não faz tanta diferença assim (e dificilmente ocorrerá uma mudança tão brusca de fundamentos em questão de 1 mês).
Assim, conforme for aumentando seu capital investido, aumentará também automaticamente a sua diversificação.
E a diversificação será sim essencial para reduzir os riscos de sua carteira de ações.
5) Entenda no que está investindo
Independentemente de sua estratégia adotada para investir em ações, você deve saber no que está investindo.
Por exemplo, no trading, embora você esteja operando somente preços, deve saber que tipo de notícias podem influenciar as ações nas quais está operando.
Principalmente em Petrobras e Vale, que são as ações de maior liquidez na bolsa, as notícias influenciam muito nos preços, causando oscilações muito fortes.
Pelo lado do buy & hold, é ainda mais importante conhecer o business das empresas em que está investindo, para poder avaliar as perspectivas de crescimento e perenidade delas.
Procure empresas com bom histórico de lucros e, de preferência, crescentes.
É mais provável uma empresa boa continuar boa do que uma ruim virar boa.
Considerações finais
Essas foram algumas dicas importantes para você que está começando ou deseja começar a investir em ações.
Os principais riscos vêm de não saber o que está fazendo, de querer ganhar muito em poucos meses e de não diversificar.
Portanto, sempre avalie bem os riscos antes de investir, pois eles é que serão decisivos para suas melhores escolhas.
Gostou de aprender sobre como investir em ações? Caso tenha ficado alguma dúvida, deixe um comentário! =)
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Vitor Hernandes
Vitor Hernandes é paulistano e tem 28 anos. Fundador do blog Jornada do Dinheiro. Pós-graduando em Finanças, Investimentos e Banking (FIB) pela PUC. Tradutor de formação, investidor por vocação e educador financeiro como missão de ajudar a população brasileira. Eterno aluno, pois sempre há algo novo a aprender, estuda educação financeira e investimentos por hobby, além de atuar no mercado financeiro desde 2011. Os fundos imobiliários são seus investimentos preferidos.
As opiniões expostas neste artigo são baseadas na visão do autor e não necessariamente refletem o entendimento do Yubb.