2021 chega ao fim com o início da retomada econômica pós-pandemia, mas também com um cenário de juros e inflação em alta (no Brasil e no mundo) e incertezas fiscais e eleitorais para o próximo ano.
Diante dessa perspectiva, onde investir em 2022? Quais as melhores opções para o próximo ano?
Onde investir em 2022?
A seguir, mostraremos os principais fatores que irão impactar as decisões de investimentos para 2022, e como alguns profissionais do mercado financeiro estão enxergando as oportunidades. Acompanhe!
Alta dos juros
Devido à alta dos juros, uma das coisas que mais se tem falado nos últimos tempos é na volta da renda fixa ao radar do investidor.
Recentemente, Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord Research, e Stefan Castro, sócio e gestor da AF Invest, falaram ao Estadão sobre o tema. Segundo Castro, o atual momento da economia fez com que a renda fixa deixasse de ser o “patinho feio” nos investimentos, e ressaltou a importância de que, mesmo dentro da modalidade, é importante diversificar.
Marilia e Castro concordam que é hora de aumentar a participação da renda fixa na carteira. Nesse sentido, o sócio da AF Invest aconselha cerca de 50% da categoria. Já a sócia da Nord Research aposta mais alto, entre 60% a 70%, basicamente por causa da incerteza sobre as eleições e da perspectiva de gastos maiores do governo nos próximos anos.
“No cenário atual, eu fico muito preocupada. Por isso, não vejo motivo de correr tanto risco em renda variável”, disse a gestora ao Estadão.
No entanto Marilia faz um alerta importante em relação à renda fixa: para que ela seja, de fato, fixa, o título precisa ser levado até o vencimento. Caso contrário, o investimento sofrerá marcação à mercado, o que, muitas vezes, pode prejudicar os ganhos da aplicação.
Aqui no Yubb, a gente já explicou como funciona a marcação a mercado. Clique abaixo e saiba mais a respeito.
Inflação
De forma geral, a expectativa é de que a pressão inflacionária continue forte, não só no Brasil, mas também no resto do mundo.
Nesse sentido, uma das principais preocupações do mercado é com o tapering nos Estados Unidos. O termo, que significa “estreitamento gradual”, serve para designar a redução do apoio financeiro que o Fed (banco central dos EUA) tem dado à economia do país.
Em momentos de crise, o Fed injeta dinheiro no mercado norte-americano. Para se ter uma ideia, em 2021 foram comprados mensalmente US$ 120 bilhões de títulos públicos para dar liquidez à economia. Porém, quando o mercado começa a dar sinais de reaquecimento, esses estímulos passam a não ser mais necessários. É justamente o que está ocorrendo agora, com a retomada do crescimento da economia do país.
Esses estímulos auxiliaram a retomada da economia dos EUA. Porém, o país enfrenta uma inflação alta atualmente. Nesse sentido, o receito do mercado é que, mesmo com enxugamento de liquidez, a inflação continue subindo por lá. Se isso acontecer, os juros norte-americanos possivelmente subirão, e isso acaba sendo ruim para países emergentes como o Brasil.
Historicamente, quando há alta de juros em economias fortes, há uma migração de investimentos de países de maior risco para essas economias. Nessa situação, países como o Brasil, que já vêm aumentando os juros, precisarão aumentar ainda mais para tentar reter os investimentos. E juros muito altos comprometem a atividade produtiva do país, pois o dinheiro fica mais caro para empresas e para a população.
Leia também: O que é risco-país e por que ele é importante para os investimentos?
Em relação aos investimentos, procurar modalidades atreladas à inflação também será uma boa alternativa para 2022. Também já falamos sobre o tema aqui no canal, dê uma olhada no link abaixo.
Eleições
Por fim, além da inflação e da alta dos juros, ainda existe a preocupação com as eleições no Brasil em 2022.
Sobre o tema, Elias Wiggers, assessor de investimentos da EQI Investimentos, deu declarações recentes ao portal da EQI. Para ele, o estresse eleitoral deve ser maior no segundo semestre de 2022. No entanto, a precificação dos ativos começará a ser feita à medida que as pesquisas começarem a ser divulgadas, e isso deverá ocorrer já no início do ano.
Segundo Wiggers, “é inegável que, mesmo que não ocorram grandes movimentos de juros no exterior, o Brasil terá que manter a Selic um pouco mais alta. Isso porque será necessário gerar atratividade para o capital internacional se manter por aqui.”
Para o assessor, “2022 será um ano no qual se espera uma renda fixa mais pujante, pois as pessoas estarão mais comedidas para tomar risco. Por isso, o crescimento da renda variável deve ser mais moderado. Não que a bolsa vá despencar, mas haverá muita volatilidade, e muitos não têm tolerância a frequentes oscilações. Por sua vez, a renda fixa é o dinheiro da garantia”, conclui.
Ainda em relação às eleições, outro ponto importante a observar é o comportamento do dólar no período pré-eleitoral. Segundo Alexandre Viotto, head de Comércio Exterior da EQI Investimentos, desde a primeira eleição após a redemocratização do Brasil, em 1989, somente em 2010 o dólar não se valorizou antes das eleições presidenciais. “Todos os outros anos que tivemos eleições, ocorreu alta do dólar. Dessa forma, a opinião da EQI é de fortalecimento do dólar frente ao real em 2022”, conclui o gestor.
Portanto, outro fator a ser considerado no próximo ano é a importância da diversificação internacional da carteira. Saiba mais a respeito nos links abaixo.