Você já deve ter ouvido falar que crédito privado pode ser a melhor saída quando os juros estão em baixa. E essa procura ocorre, muitas vezes, por conta da oportunidade de obter rentabilidade superior aos títulos públicos e alternativas mais conservadoras de investimentos.
Mas pouca gente sabe sobre crédito privado e o porquê este assunto é tão importante. Por isso, se você não sabe ou quer conhecer um pouco mais a fundo sobre estes títulos, vamos defini-los e contar sobre suas vantagens e desvantagens.
O que é crédito privado?
Crédito Privado nada mais é do que a representação de emissões e negociações de títulos entre você e empresas privadas que buscam investimentos para seu desenvolvimento.
Hoje, entre os mais tradicionais e utilizados, estão as debêntures, CRI e CRA (Certificado de Recebíveis Imobiliários e Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e Fundos de investimentos como o FIDC.
Além disso, os títulos de Crédito Privado são mais arriscados pois não possuem a garantia de pagamento do governo (como nos títulos públicos) e nem do Fundo Garantidor de Créditos – FGC (como nos títulos de emissão bancária), ou seja, o investidor pode perder dinheiro caso alguma delas não consiga pagar suas dívidas.
E caso você nunca tenha ouvido falar ou saiba o que é o FGC, ele é basicamente um mecanismo de proteção criado pelos bancos para dar mais segurança aos seus investidores e assim atrair maior volume de dinheiro para eles. A garantia é de R$ 250 mil para cada instituição financeira que você possua investimentos.
Portanto, considerando todas essas informações, podemos afirmar que o Crédito Privado, por possuir taxas, muitas vezes, mais altas do que as oferecidas em bancos, torna-se mais atrativo ao público investidor.
Para saber mais, veja o infográfico abaixo e continue lendo o texto.
1. O que são Debêntures
Para entender um pouco melhor o que são debêntures, é importante saber que elas estão entre os títulos mais tradicionais do crédito privado, embora não sejam tão conhecidas quanto CDB, LCI e LCA.
Debênture é um título que visa o desenvolvimento de empresas privadas, não bancárias, que possuem como objetivo investir em seus negócios sem precisar recorrer a empréstimos de bancos, considerados caros em muitos casos.
Por isso, uma grande vantagem para as empresas é o fato de conseguirem empréstimos com um gasto (juro) menor e um prazo maior, gerando assim um custo mais eficiente para elas.
E existe mais de um tipo de debênture, sabia? Por isso, é muito importante que você as conheça também para fazer a melhor escolha:
- Debênture simples: como a maior parte das aplicações financeiras, possui juros estipulados em prefixados, pós-fixados e até mesmo híbridos, e te paga em dinheiro direto na sua conta corrente.
- Debênture conversível: empresa opta por pagar o investidor em ações e não em dinheiro. Como por exemplo: uma empresa deve a você, investidor, R$ 1.000, mas ao invés de restituí-lo desta forma integral, opta por pagar em 10 ações no valor de R$ 100,00 cada uma.
Uma das maiores vantagens das debêntures é ter a oportunidade de receber uma rentabilidade superior aos títulos públicos e outras aplicações de renda fixa mais comuns. Por isso, tantos investidores optam por esta opção de investimento quando as taxas de retorno da renda fixa estão em queda.
E uma grande dica de investimento isento de imposto é a debênture incentivada, onde empresas privadas necessitam do investimento para desenvolver seus projetos, sejam eles de infraestrutura, rodovias, geração de energia, saneamento básico, entre outros.
De toda forma, a debênture também pode ser considerada um investimento de risco e sabe como você pode avaliar se vale a pena ou não?
Primeiramente por de ratings, que são notas produzidas por algumas empresas de análises especializadas em riscos. Estas empresas de análises informam quais são as principais empresas e bancos que negociam títulos no mercado financeiro. Por meio de notas que partem de AAA (a melhor avaliada), até D (a mais arriscada), notificam se há grau de investimento com qualidade alta, média ou baixa. Assim, você pode investir de forma mais segura em empresas com avaliações vantajosas e não sair prejudicado, além de obter altos rendimentos.
2. O que são CRI e CRA?
Os Certificados de Recebíveis são investimentos de crédito privado no Brasil que têm como objetivo auxiliar empresas no desenvolvimento de seus projetos.
Conhecidos como Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificado de Recebíveis de Agronegócio (CRA), estes investimentos não estão ligados diretamente às empresas e sim a um intermediário (conhecido como securitizadora) que repassará o valor investido a elas.
Possuem características bem parecidas com as debêntures incentivadas, uma vez que são isentos de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e IR (Imposto de Renda), além de oferecerem taxas de juros atrativas.
Mas, como todos os títulos de crédito privado, também possuem um risco de crédito elevado, o que, em outras palavras, significa que é preciso uma avaliação mais profunda sobre “para onde” ou “para quem” serão enviados os seus recursos, como também avaliar seu rendimento e o momento atual do mercado financeiro.
Assim como no caso das debêntures, os CRI’s e CRA’s também contam com a classificação das agências de risco, facilitando seu trabalho nesse aspecto.
3. Fundos de Investimentos: FIDC
O FIDC (Fundo de Investimento de Direitos Creditórios), como o próprio nome diz, é um fundo de investimento que busca seu retorno através de Direitos Creditórios. Direitos Creditórios são os valores que uma empresa tem a receber de cheques, duplicatas e outros títulos.
Para simplificar a compreensão dessa operação, imagine a seguinte situação: a empresa A vende seu produto para a empresa B no valor de R$ 500 mil, mas a empresa B só poderá pagar dentro de 30 dias o valor sobre o produto entregue. Portanto será gerada uma duplicata, como uma forma de garantia de que o valor será pago dentro daquele período.
Mas se a empresa A necessitar do valor desta venda naquele mesmo momento e não no prazo de 30 dias, poderá recorrer a um FIDC para conseguir antecipar o recebimento desse valor. Ou seja, no momento desta procura, a ideia da empresa A é realmente vender esta duplicata a investidores para que assim possa receber este valor à vista (antecipar o valor que receberia no futuro).
O processo que ocorre nesta situação é o seguinte: o investidor que assumir esta duplicata, disponibilizará o valor solicitado no mesmo momento cobrando uma taxa (de juros) por isso. Portanto ao invés de a empresa A receber o valor total de R$ 500 mil, receberia, por exemplo, R$ 450 mil no ato, antecipando o valor que têm a receber e abrindo mão assim de uma parcela de crédito que irá para o investidor (no exemplo, R$ 50 mil).
Ou seja, para a empresa A valeria muito mais receber R$ 450 mil à vista e com a certeza de que terá este valor podendo manter seu ciclo de investimento, do que correr o risco de não receber ou ficar um período sem capital de giro.
Por outro lado, o FIDC assume o risco e após 30 dias, poderá receber, ou não, da empresa B o valor de R$ 500 mil. E o interesse do FIDC está exatamente nesta diferença entre o que paga e o direito de crédito que adquire.
Uma de suas maiores vantagens é a alta rentabilidade e entre suas desvantagens está o fato de que, quanto maior o rendimento, maior o risco.
Aliás, uma informação importante sobre este fundo é saber que ele requer investimentos a partir de R$ 25 mil e tem como público investidores qualificados (pessoa física que possui aplicações financeiras acima de R$ 1 milhão), o que o torna inacessível para muitas pessoas.
Atenção: este tipo de investimento possui risco elevado e, se você está iniciando suas aplicações agora, deverá avaliar as classificações de riscos e rentabilidade deste tipo de investimento, para escolher a melhor forma de aplicar seus recursos.Este fundo deve ser visto como uma alternativa parcial de investimento, para diversificação de uma carteira mais completa.
Ficou alguma dúvida sobre investir em crédito privado? O que está esperando para investir em títulos agora? Deixe nos comentários aqui embaixo!
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