Não é de hoje que a sigla ESG tem estado nos holofotes de empresas e investidores no mundo todo. Atualmente, para serem consideradas investimentos atrativos, não basta as companhias apresentarem bons indicadores financeiros. É preciso, também, que adotem critérios de sustentabilidade e de governança em suas práticas e políticas corporativas.
É justamente sobre isso que falaremos neste conteúdo. Para saber mais sobre como funciona e qual a importância do ESG, continue a leitura a seguir!
O que é ESG?
Para relembrar: a sigla vem de Environmental, Social and Governance. Ou seja, ESG faz referência a empresas que têm esses três aspectos como pilares para as suas atividades.
Como exemplos desses três critérios, podemos citar:
Ambientais: descarte e reciclagem de lixo, tratamento de águas, controle de emissão de poluentes, entre outros.
Sociais: segurança no trabalho, inclusão social, fomento à equidade de gênero, e assim por diante.
Governança: esse conceito está ligado a todas as ações da empresa no sentido de manter uma relação transparente e justa com sócios, investidores, funcionários e sociedade em geral.
Qual a importância do ESG hoje?
Cada vez mais, o tema tem sido levado a sério em todas as partes do mundo. Hoje em dia, a responsabilidade da empresa para com o meio ambiente e com a sociedade já é tão importante quanto os seus números para que atraiam investidores.
Segundo relatório do Bank of America, os depósitos em fundos ESG aumentaram 73% em 2021 comparados a 2020. O mesmo documento aponta que, de cada oito fundos existentes no mundo, um tem foco em ESG.
Em fevereiro de 2022, o portal jurídico Migalhas publicou matéria com dois exemplos de grandes empresas que aderiram às práticas ESG.
Uma delas é a Coca-Cola, que, em 2020, foi classificada como a empresa de bebidas mais sustentável do mundo no índice Dow Jones de Sustentabilidade daquele ano. De acordo com informações da empresa, desde o início da pandemia a Coca-Cola investiu mais de R$ 55 milhões em iniciativas de prevenção da Covid-19 e segurança alimentar.
Além disso, o Instituto Coca-Cola Brasil lidera um dos maiores programas de empregabilidade no país. Para isso, fomenta ações junto a comunidades de baixa renda, conectando jovens ao mercado de trabalho.
Outra gigante que leva a sério as práticas ESG é a coreana Samsung. Nesse sentido, a companhia vem desenvolvendo e implementando planos de ações regionais para a promoção do uso de energia renovável. Além disso, a Samsung tem utilizado plásticos reciclados, para reduzir a emissão de gases de efeito-estufa.
Alguns obstáculos para o ESG no Brasil
Apesar de ser um caminho sem volta, ainda há muitas dúvidas sobre o significado de ESG, bem como obstáculos para a sua implementação.
É o que aponta a última pesquisa “Retrato de Sustentabilidade no Mercado de Capitais” realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) no final de 2021.
Das 265 instituições pesquisadas (entre instituições financeiras e empresasde outros setores), a maioria ainda não implementou ESG, ou está em processo de efetivação dessas práticas.
Além disso, a pesquisa também demonstrou que existem dúvidas em relação ao conceito de sustentabilidade entre os executivos. Nesse sentido, alguns acreditam que ser sustentável tem a ver com a solidez do negócio. Outros, nem sequer ouviram falar sobre ESG.
Para Renato Krausz, sócio-diretor da Lourdes Comunicação, ajudaria se existisse algum manual que estabelecesse parâmetros ESG. Em entrevista à Exame, o executivo fala que hoje o conceito é, de certa forma, muito subjetivo.
“Determinados objetivos podem parecer adequados para uma empresa e inadequados para outra. Além disso, outro estorvo surge quando é necessário traduzir para a realidade brasileira o que as instituições financeiras daqui encontram no exterior”, avalia o executivo. Para ele, o ESG é universal, mas as questões que precisam ser observadas são, em grande parte, regionais.
Por fim, Krausz avalia que a Anbima tem papel fundamental na difusão e esclarecimento do conceito. “A entidade já promoveu um grande salto de qualidade no mercado ao organizar a balbúrdia dos fundos de investimento que, até o ano passado, se autointitulavam verdes. Foi um grande avanço, mas há muito trabalho a ser feito ainda, por todos nós”, observa o sócio da Lourdes Comunicação.
O perigo do greenwashing
Outro ponto a observar em relação aos investimentos ESG diz respeito ao greenwashing. Trata-se de uma prática fraudulenta, de empresas que tentam se aproveitar da tendência ESG sem, de fato, cumprirem os critérios.
A tradução literal da expressão (“lavagem verde”) já nos dá a ideia da falsa aparência de sustentabilidade. Por meio de notícias falsas ou não comprovadas, algumas empresas tentam fazer o público acreditar no seu engajamento social e/ou ambiental. Porém, na prática, algumas delas fazem justamente o contrário, gerando impactos negativos ao meio ambiente e à sociedade.
Algumas das formas de se praticar o greenwashing são as seguintes:
– utilização de rótulos com informações falsas sobre os produtos, ou com informações erradas sobre volumes ou quantidades;
– omissão de componentes nocivos à saúde nos produtos;
– falso discurso de sustentabilidade junto à imprensa e sociedade de forma geral;
– utilização de falsos selos ambientais;
Por isso, é muito importante buscar informações confiáveis sobre as empresas antes de escolher investimentos ESG.
Temas ESG de destaque em 2022
No início de 2022, especialistas falaram à Folha de São Paulo sobre quais temas ESG serão essenciais durante o ano. Entre eles, estão a justiça climática, a saúde mental e a inteligência de dados.
Segundo os especialistas, haverá menos discussão sobre carbono e mais sobre pessoas e ambiente. Além disso, o tema do clima continuará em alta, mas abordado sob a forma de justiça climática. Ou seja, as discussões abordarão mais as responsabilidades de cada país em relação ao tema.
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