Se você já investe em ações, ou se está pensando em iniciar no mercado de capitais, precisa saber que há duas formas de lucrar com esses títulos. Uma delas é pela sua valorização; a outra é pelo recebimento dos lucros da empresa emissora.
As companhias distribuem seus lucros aos acionistas por meio de dividendos ou de juros sobre o capital próprio (JCP). O valor recebido pelos investidores está relacionado à quantidade e ao tipo de ações que possuem.
Neste artigo, saiba mais sobre os tipos de ações.
E qual a diferença entre dividendos e juros sobre capital próprio?
Tanto os dividendos quanto os juros sobre capital próprio são boas estratégias para quem deseja uma renda passiva com investimentos. No entanto, existem diferenças entre as duas formas de distribuição de lucros para as quais o investidor precisa estar atento. Veja quais são elas a seguir.
Dividendos
Essa é a forma mais conhecida de distribuição de lucros das empresas. Os dividendos são calculados sobre o lucro líquido da companhia. Logo, os impostos sobre esse lucro já foram retidos. Isso significa que, ao receber esses proventos, o investidor não precisa recolher nenhum tributo sobre eles.
Juros sobre capital próprio (JCP)
Como vimos, os lucros da companhia também podem ser distribuídos como JCP. A diferença entre eles e os dividendos é, basicamente, contábil.
Diferentemente dos dividendos, os JCP não são calculados com base no lucro líquido, mas correspondem a um percentual do patrimônio líquido (PL) da empresa. Nesse caso, eles são calculados antes da apuração do lucro líquido.
Para a empresa, a vantagem dos JCP sobre os dividendos é justamente reduzir o seu lucro líquido. Isso porque eles representam uma despesa no Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), logo reduzem a base de tributação do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Como não houve recolhimento de impostos sobre o JCP, quem deverá fazer isso é o investidor que os recebeu. Nesse caso, ele precisa recolher 15% de IR sobre o provento.
E por que as empresas distribuem lucros?
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, que rege o funcionamento das companhias brasileiras e as suas relações com investidores, é obrigatória a distribuição de lucros no país. Embora muitas empresas adotem o percentual de distribuição de 25%, esse valor não é fixo, e pode ser estabelecido no estatuto da companhia. No entanto, se não houver menção no estatuto ao percentual de distribuição, ele será de 50% do lucro líquido do exercício.
Porém existem exceções para a obrigatoriedade de distribuição de lucros. Se a companhia comunicar em assembleia aos acionistas que não tem condições de distribuir seus resultados e comprovar isso, ela estará liberada desse dever legal.
Afinal, o que é melhor para o acionista: dividendos ou JCP?
Como vimos, ambas as formas de recebimento de proventos são interessantes para quem busca renda passiva com investimentos.
Por causa do benefício fiscal, muitas empresas adotam o JCP para a distribuição dos lucros. E, muitas vezes, eles superam o valor dos dividendos pagos aos acionistas.
No entanto, as companhias têm uma limitação na distribuição de lucros via JCP. Além disso, mesmo que o maior objetivo do investidor seja a renda passiva, a distribuição de lucros não deve ser o único critério analisado na hora de escolher as ações, conforme veremos a seguir.
Vale a pena investir em empresas que não distribuem lucros?
Como vimos, algumas empresas são autorizadas por lei a não distribuírem os seus resultados. Isso pode acontecer quando estão em uma situação financeira mais frágil, ou quando a companhia está em uma fase de investimentos para expansão ou para o desenvolvimento de novos produtos.
Um exemplo disso são as startups de tecnologia, que atuam em um segmento de grande potencial de crescimento e, por isso, precisam investir pesadamente nos primeiros anos de atividade. Inclusive essas empresas costumam atrair grandes investimentos, por meio de venture capital ou investidores anjo.
Esses investidores aportam recursos durante anos nessas empresas, pois sabem que isso é fundamental para que elas consigam se posicionar no mercado. Somente depois de consolidadas é que essas companhias poderão distribuir os seus resultados.
Se o motivo da não distribuição de lucros for o investimento na própria companhia, vale a pena sim investir nessas empresas. No entanto, é preciso analisar caso a caso, para saber se, de fato, o mercado de atuação oferece o potencial de crescimento esperado e se a empresa tem fundamentos sólidos.
E como saber quanto a empresa distribui de lucros?
O indicador que mostra o quanto a empresa distribui de lucros é o dividend yield (DY). ele serve para medir o retorno que a ação dá de acordo com o provento que ela paga.
Por meio do DY, consegue-se enxergar a relação entre os dividendos distribuídos e o preço atual da ação. Para encontrá-lo, basta dividir o valor dos proventos pagos em determinado período pelo preço de cada ação antes da distribuição dos lucros.
Dessa forma, temos:
Dividend Yield (DY) = (dividendos por ação / valor de cada ação) x 100.
Neste artigo, saiba mais sobre o dividend yield.
Considerações finais
Como vimos, mesmo que o foco do investidor seja a renda passiva, esse não é o único critério a ser avaliado na hora de escolher as ações. Para uma análise completa, o ideal é utilizar o maior número de indicadores financeiros possíveis. Quanto mais variáveis foram analisadas, mais segurança você terá em relação à qualidade das ações que formam a sua carteira.
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