Quantas vezes você já ouviu frases como “o Brasil é o país da renda fixa” ou “no Brasil, a renda fixa sempre perde para a bolsa de valores”?Essas afirmações são baseadas em um dos grandes mitos que assombram o nosso mercado financeiro: a ideia de que investir em renda fixa sempre é a melhor opção. Neste artigo, então, vou falar sobre esse mito e revelar o porquê e como sair da renda fixa.

Esse assunto parece interessante? Continue lendo e descubra agora como sair da renda fixa!

O mito da renda fixa versus a bolsa de valores

Vamos começar desconstruindo a ideia de que a Bolsa não é capaz de superar os retornos obtidos com a renda fixa.

Boa parte da população tem esse tipo de visão em relação à Bolsa, assim como eu já tive antes de começar a trabalhar no mercado financeiro e estudar a fundo sobre isso. Mas, qual o problema disso?

A grande questão é que acreditar nessa premissa vai fazer com que você tome decisões erradas em relação aos seus investimentos. Ou seja, você vai continuar colocando o seu dinheiro em aplicações que não estão alinhadas com seus objetivos e/ou seu perfil, simplesmente por achar que a renda fixa é a única opção viável em nosso país.

Porém, antes de mostrar como extinguir essa ideia da sua cabeça e sair da renda fixa, vamos entender melhor por que esse mito existe.

Se considerarmos, por exemplo, um prazo de 23 anos e compararmos um ativo que renda, nesse período, 100% CDI, com os resultados do Ibovespa no mesmo período, de fato, a renda fixa vence. E o fato de o Ibovespa perder para o CDI em um determinado período acaba levando muitos a acreditarem que a Bolsa, no Brasil, não vale a pena, que a renda fixa é a melhor opção.

Mas há um problema que poucos levam em consideração na hora de fazer essa análise: o funcionamento do índice.

Vou aprofundar esse assunto a seguir.

Como funciona o Ibovespa e por que ele não superou o CDI?

O Ibovespa é uma carteira teórica de ativos selecionados com base em critérios predeterminados. Até o final de 2013, o principal critério era a liquidez, ou seja, quanto mais uma ação era negociada – comprada e vendida – maior era o seu peso na composição do índice.

Para que você entenda melhor, vamos tomar como exemplo a composição do índice no final dos anos 90, onde 43% do Ibovespa era composto por ações da Telebras, uma estatal de telefonia. Qual o impacto disso? Se o preço da ação despencasse 10% em um mês, o Ibovespa era derrubado em 4,3%.

No final de 2013, no entanto, a Bovespa – atualmente, B3 – passou a dar um peso menor para a “liquidez” e aumentou o impacto do critério “valor de mercado” na composição do Ibovespa, deixando-o parecido com outro índice já existente, o IBR-X.

Esse índice foi criado em 1996 e, ao considerarmos os seus resultados em comparação com o CDI, diferentemente do Ibovespa, temos uma vitória da renda variável com uma margem bem significativa. Veja na imagem abaixo:

saiba como sair da renda fixa

Portanto, o Ibovespa, pelo seu histórico ter sido impactado pela liquidez das ações no passado, não apresenta um resultado acima do CDI. Já o IBR-X que, por sua vez, hoje pode ser comparado ao Ibovespa, por não ter sofrido influência desses critérios ao longo do tempo, revela como a renda variável superou a renda fixa nos últimos anos.

Agora, não se engane: mesmo que eu tenha destacado essa superioridade da renda variável, não significa que você tenha que, obrigatoriamente, sair da renda fixa. Tudo vai depender do seu perfil, dos seus objetivos, da sua tolerância ao risco etc.

Além de entender os pontos que podem ser encarados como positivos e negativos nos ativos de renda variável, é importante também entender a diferença entre essas duas classes de ativos.

É por isso que, a seguir, listo as principais características de cada uma dessas classes. Continue comigo para saber se a renda variável é para você.

Descubra se a renda variável é para você

Antes de mostrar como sair da renda fixa, é importante que você defina se optar por uma classe de ativos diferente é realmente a melhor opção para você.

Vamos à comparação:

Renda Fixa

  • Baixo risco;
  • Menor potencial de retorno;
  • Retorno previsível;
  • Exige pouco estudo aprofundado;
  • Investimento simples com menos variáveis;
  • Indicado para investidores de todos os tipos e com todos horizontes temporais possíveis;
  • Garantia do FGC em alguns ativos;
  • Baixa variedade de empresas e setores diferentes para se investir.

Renda Variável

  • Alto risco;
  • Maior potencial de retorno;
  • Retorno imprevisível;
  • Exige estudo aprofundado;
  • Investimento complexo com muitas variáveis;
  • Indicado para investidores de todos os tipos, desde que com visão de longo prazo;
  • Sem garantias;
  • Grande variedade de empresas e setores diferentes para se investir.

E aí? Conseguiu identificar qual das duas classes é a melhor para você? Se você ainda está em dúvida, continue lendo, pois vou dar meu parecer sobre a renda variável agora.

Renda variável vale a pena?

Investir em renda variável certamente é uma ótima forma de aumentar a expectativa de retorno dos seus investimentos e diversificar a sua carteira, mas, obviamente, a classe também oferece seus riscos, até porque eles são inerentes à renda variável.

Será preciso estudar bastante antes de se aventurar nesse mercado e você precisa ter em mente, de forma muito clara, todos os seus objetivos e seus respectivos prazos. E ainda que tudo isso seja muito pessoal, diferentemente de várias respostas que eu já dei sobre investimentos, a resposta aqui é categórica: vale a pena investir em renda variável, mais especificamente em ações, ETF’s e fundos imobiliários.

Convencido de que a renda variável é uma boa opção para você? Então, vamos agora aos passos que você precisa dar rumo à renda variável!

Como começar a investir em renda variável

Separei 4 passos básicos para que você comece a investir em ações e outros tipos de ativos de renda variável. Confira:

Passo 1 – Abra uma conta em uma corretora de valores

Para comprar ações na bolsa de valores, é preciso ter uma conta em uma corretora de valores, pois é ela quem faz o intermédio entre o investidor e o mercado de ações, permitindo que você compre os diversos ativos disponíveis na Bolsa.

A corretora também é a responsável por disponibilizar o home broker, a interface que o investidor utiliza para operar na Bolsa e gerar suas ordens de compra e venda.

Passo 2 – Escolha a ação que você quer comprar

O segundo passo é o que merece maior atenção já que é aqui que o investidor vai tomar a decisão de qual ação comprar.

Nesta parte eu não quero me estender muito, pois sei que esse é um assunto bastante abrangente. Para explicar melhor esse passo, vou deixar para você o link de um vídeo onde eu detalho esse processo de escolha das melhores ações.

Além disso, para um conhecimento muito mais aprofundando sobre o tema, eu criei um curso inteiro de investimentos, que foi batizado de “Descomplicando o Mercado de Ações”. Não deixe de conferir esse conteúdo para saber tudo sobre renda variável.

Passo 3 – Envie dinheiro para a sua corretora

Depois de decidir qual ação (ou ações) comprar, o investidor precisa enviar o dinheiro para a sua corretora. Isso geralmente é realizado por meio de uma transferência eletrônica (TED) para a conta de titularidade do investidor.

Passo 4 – Faça um pedido de compra pelo do home broker

Com o dinheiro na conta da corretora, resta então ao investidor acessar o home broker e fazer os pedidos de compra.

Essa é a parte que, geralmente, assusta os investidores, pois o home broker pode intimidar a primeira vista, já que sua interface nem sempre é das mais simples. Além disso, alguns sofrem por tentar procurar pelo nome da empresa em vez de utilizar o código da ação.

Mas todas essas complicações desaparecem depois de um tempo. É questão de tempo até que você se acostume com o sistema e entenda a dinâmica dos códigos das companhias listadas na bolsa.

Conclusão: está preparado para investir em renda variável!

E assim finalizo mais um artigo.

Espero ter ajudado você a abandonar, em definitivo, a ideia de que a renda fixa supera a renda variável no Brasil e que, a partir disso, sua visão sobre a Bolsa de Valores não seja mais distorcida. Existem inúmeras oportunidades no mercado de ações, para quem souber aplicar as estratégias corretas no longo prazo.

Além disso, com os 4 passos que apresentei aqui, tenho certeza que você pode começar ainda hoje a buscar uma nova etapa em sua jornada como investidor, aplicando seus recursos em ativos de renda variável com o objetivo de alcançar mais rápido a sua independência financeira.

E aí? Descobriu como sair da renda fixa e está pronto para encarar o mercado de renda variável? Comente abaixo se você está preparado para mais esse importante passo.

Não esqueça também de compartilhar esse artigo com o máximo de pessoas que puder, ajudando a desmistificar o mercado de ações brasileiro.

Ramiro Gomes Ferreira

Ramiro é fundador do Clube do Valor, é especialista em investimentos e possui ampla experiência em gestão e análise de valores mobiliários.


As opiniões expostas neste artigo são baseadas na visão do autor e não necessariamente refletem o entendimento do Yubb.