Chegamos ao final de 2021 com juros e inflação em alta e com a expectativa de turbulências na economia para o próximo ano, devido a alguns pontos que geram insegurança no mercado, como instabilidade fiscal e eleições.
Diante desse cenário, como diversificar a carteira de investimentos em 2022? Quais ativos devemos priorizar, e quais evitar nesse contexto?
Investimentos em 2022: como conseguir a melhor diversificação?
Para lhe ajudar a diversificar os seus investimentos da melhor forma, relacionamos algumas modalidades considerando o cenário para o próximo ano. Continue a leitura e saiba como montar a melhor carteira para 2022!
Tesouro IPCA+
Segundo o Relatório Focus divulgado no início de dezembro, o IPCA, índice de inflação oficial do Brasil, segue apontando para o segundo ano consecutivo de rompimento da meta definida pelo Banco Central. Em 6 de dezembro (data desse conteúdo), a projeção da inflação acumulada para o final de 2021 era de 10,18%, mais de cinco pontos percentuais em relação ao objetivo inflacionário do ano, que era de 5,25%. O mesmo relatório apontou expectativa de inflação de 5,02% para 2022.
Em épocas de inflação, não há como deixar de pensar no Tesouro IPCA+ como uma alternativa de diversificação para a carteira. Esse título público possui parte da remuneração fixa e parte atrelada ao IPCA. Logo, quando o IPCA sobe, o investimento acompanha a mesma tendência. Por isso, o Tesouro IPCA+ continua sendo indicado para a carteira do investidor em 2022.
Mas atenção: para garantir a rentabilidade do título, é preciso ficar com ele até o vencimento. Caso contrário, se o investidor decidir resgatá-lo antes, possivelmente perca os ganhos. Clique abaixo e entenda por que isso acontece.
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Ativos internacionais
Investir em ativos internacionais é outra recomendação de especialistas para 2022. Dessa forma, ao mesmo tempo que o investidor diversifica a carteira, protege o seu patrimônio das oscilações do mercado doméstico.
Segundo matéria publicada pelo Estadão no início de dezembro, setores como logística, financeiro e commodities podem ser boas opções de ativos internacionais para 2022. A mesma matéria mostra que, contrariando as expectativas de analistas, o segundo semestre deste ano não mostrou recuperação dos ativos brasileiros. Ao contrário, os resultados mensais do Ibovespa foram todos negativos de julho a novembro. De acordo com a Economática, setembro e outubro foram os meses de pior desempenho do índice, com quedas superiores a 6%.
Outro ponto importante a considerar são as eleições do próximo ano. Nesse sentido, Alexandre Viotto, head de Comércio Exterior da EQI Investimentos, comenta que, desde que tivemos a primeira eleição no Brasil após a redemocratização, somente em 2010 o dólar não se valorizou no período pré-eleitoral. “Todos os outros anos que tivemos eleições, ocorreu alta do dólar. Dessa forma, a opinião da EQI é de fortalecimento do dólar frente ao real em 2022”, afirma o gestor.
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Fundos imobiliários de CRIs
Os fundos imobiliários de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) são considerados os mais resilientes do mercado em tempos de incertezas. Historicamente, a perspectiva de rendimento desses FIIs aumenta quando a Selic está em alta.
Em entrevista ao portal Exame Invest, Brunno Bagnariolli, sócio e head de real estate da Mauá Capital, comenta que o estoque de CRIs no Brasil está crescendo. Segundo o gestor, hoje não acontece somente o refinanciamento de novas operações, como foi em 2019.
Além disso, os gestores têm feito mais diversificação entre setores (que podem ser mais alavancados e menos sensíveis a juros), bem como tipos de títulos (pré ou pós-fixados). Para Camila Almeida, sócia-diretora da Habitat Capital Partners, “os fundos de CRIs não são mais apenas uma carteira de recebíveis. E se diferenciam de fundos de tijolo porque oferecem maior acesso a informações”.
Outro ponto a considerar é a remuneração dos fundos imobiliários de CRIs, fortemente atrelada à inflação. Segundo Valter Manfro, assessor de investimentos da EQI Investimentos, “atualmente, há CRIs que chegam a render IPCA + 15% ao ano. Isso significa que, com a alta da inflação nos últimos tempos, alguns CRIs chegam a pagar algo em torno de 25% ao ano. Basicamente, é por isso que os FIIs de papel têm se destacado em termos de rentabilidade”, afirma.
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Fundos Multimercados
A alta da Selic fez com que muitos investimentos de renda variável tivessem expressivos saques nos últimos meses. Segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os fundos multimercados tiveram resgates de R$ 4,8 bilhões em novembro.
No entanto, engana-se quem pensa que somente a renda fixa pode ser atrativa em cenários de juros altos. Para Elias Wiggers, sócio da EQI Investimentos, o primeiro ponto positivo dos fundos multimercados é justamente a diversificação que proporcionam à carteira. Essa categoria aloca recursos em diversos mercados, o que contribui para o equilíbrio do portfólio do investidor.
Outra vantagem dos fundos multimercados é o risco, que costuma ser mais controlado do que o de ações, por exemplo. Isso porque há existem diferentes categorias de fundos multimercados, desde os mais arrojados até os mais conservadores, que só carregam o nome de multimercado por conta da estratégia da gestão.
Muitos multimercados têm a maioria do patrimônio investido em ativos de renda fixa. Para não ficar limitado somente a essa categoria, o gestor aloca um percentual pequeno dos recursos de forma livre, para buscar mais rentabilidade.
“Só por esse motivo, já daria para entender por que os fundos multimercados fazem sentido nesse cenário de alta de juros. Se o fundo for mais focado em renda fixa, com papéis atrelados à inflação, e buscando oportunidades nos juros e ganhos reais, certamente estará performando bem nesse momento,” diz o gestor.
Para Wiggers, não são somente os multimercados com foco em renda fixa que são atrativos nesse momento. Mesmo os que carregam maior risco têm estratégias múltiplas. Por causa dessa diversificação (que abrange inflação, juros curtos, juros longos, dólar, ações de empresas anticíclicas, entre outros), esses fundos podem se sair bem em diversos cenários, garantindo bons resultados ao investidor.
E então? Já decidiu onde investir em 2022? Conte abaixo nos comentários!