Não é novidade para ninguém que a macroeconomia está presente no dia a dia de todos nós. Afinal, os aumentos da gasolina, os reajustes do aluguel, do plano de saúde e da mensalidade escolar e a alta dos preços no supermercado são questões com as quais lidamos o tempo todo. O que muita gente não sabe é que essas informações estão disponíveis todas as semanas, por meio do Boletim Focus.

Também chamado de Relatório Focus, esse documento é elaborado pelo Banco Central com base em informações recolhidas em cerca de 140 instituições financeiras. Neste conteúdo, a gente vai falar sobre o que você encontra nesse relatório e sobre qual a sua importância para o mercado financeiro e para a economia como um todo. Continue a leitura e saiba mais sobre o Boletim Focus!

O que é o Boletim Focus?

O Boletim Focus é um relatório que o Banco Central faz todas as semanas e divulga sempre nas segundas feiras. Esse documento traz um resumo das projeções do mercado para a economia, e é feito com base em pesquisas feitas por instituições financeiras, universidades, consultorias, entre outras entidades.

Quem elabora o relatório Focus é a equipe do Gerin (Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais) do Banco Central.

Como esse relatório é feito?

Como vimos, o Boletim Focus contempla projeções sobre o cenário econômico elaboradas por diversas instituições financeiras. No relatório, essas informações são apresentadas de forma sintética, na forma de tabelas e gráficos.

As principais variáveis consideradas no documento são as seguintes:

PIB (Produto Interno Bruto)

O PIB é um dos principais indicadores econômicos de um país. Isso porque ele mede a atividade de um determinado período e, por isso, é considerado um termômetro da economia.

Em outras palavras, quanto maior for o PIB de um país, mais aquecida estará a economia local naquele período, e vice-versa.

Taxa Selic

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela serve para balizar todas as taxas de juros praticadas no Brasil, desde investimentos até empréstimos bancários.

Além disso, a Selic é um importante instrumento de política monetária, pois ajuda o governo a conter a inflação. Nesse sentido, para frear o aumento dos preços, uma das ferramentas de controle do Banco Central é aumentar a taxa de juros. Por outro lado, quando a economia está desaquecida e precisa de um estímulo, o governo reduz a Selic para incentivar as pessoas a gastarem mais.

IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)

Calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA é o principal índice de inflação do Brasil. O seu objetivo é refletir o custo de vida das famílias que recebem entre 1 e 40 salários mínimos, população que representa cerca de 90% dos que moram em áreas urbanas cobertas pelo SNIPC (Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor).

No seu cálculo, entram os itens que chegam diretamente ao consumidor, como alimentos, transportes, saúde, educação, entre outros.

IGP-M (Índices de Preços Geral do Mercado)

Já o IGP-M é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é um índice mais amplo do que o IPCA. Isso porque, além dos produtos finais, ele também considera o custo dos serviços envolvidos no processo produtivo.

Normalmente, o IGP-M é utilizado como o índice de reajuste de diversos contratos de prestação de serviços. Por isso, ele também é conhecido como o “índice de aluguéis” no Brasil.

Taxa de Câmbio

A taxa de câmbio diz respeito à moeda utilizada como referência para as projeções econômicas. No Brasil, essa moeda é o dólar.

Sistema de Expectativas de Mercado

Todas as informações que vimos acima são inseridas no Sistema de Expectativas de Mercado. Trata-se de uma página da internet criada em 2001, na qual constam as projeções de cerca de 140 instituições, entre bancos, corretoras, e também empresas não financeiras.

Resumidamente: as informações sobre PIB, Selic, inflação e taxa de câmbio são pesquisadas por essas instituições e disponibilizadas no Sistema de Expectativas de Mercado. Dessa forma, o Banco Central acessa esses dados para elaborar o Boletim Focus todas as semanas.

Ranking Focus

De acordo com os acertos nas projeções de curto, médio e longo prazo, o Banco Central classifica as instituições participantes da pesquisa. Para isso, elabora o ranking Top 5, cujo objetivo é incentivar o aprimoramento dos dados divulgados por essas instituições.

Qual a importância do Boletim Focus?

Com base nas informações divulgadas nesse relatório, o governo consegue fazer projeções e desenhar as perspectivas para o cenário econômico. Dessa forma, pode realizar investimentos para atingir as metas de crescimento da economia e ajustar a política monetária sempre que for preciso.

Para o mercado financeiro, as informações macroeconômicas também servem para definir estratégias de investimentos, bem como para corrigi-las quando necessário. Por exemplo, digamos que o patrimônio de um investidor esteja bastante concentrado em ações, e que, de tempos para cá, comece um forte movimento de alta dos juros. Isso fará com que a renda variável perca um pouco de atratividade frente à renda fixa. Logo, esse pode ser um momento de rebalancear a carteira, de acordo com o novo cenário econômico.

Outro exemplo: em tempos de preços em alta, é preciso pensar em investimentos que protejam o dinheiro da inflação. Nesse caso, títulos de renda fixa como o Tesouro IPCA+ ou outros indexados a índices inflacionários passam a fazer mais sentido na estratégia de investimentos.

Ou seja, as informações do Boletim Focus nos dão um direcionamento mais claro sobre o momento atual da economia e suas perspectivas. Por isso, é importante acompanhar e entender esse relatório.

Para consultá-lo, basta acessar o site oficial do Banco Central, todas as segundas-feiras a partir das 8h.