Nos últimos tempos, o mercado de criptomoedas tem passado por diversos ataques hackers, com prejuízos milionários aos investidores. Um dos casos mais emblemáticos foi o da rede Solana (SOL) que, até o início de agosto, já havia ocasionado perdas de cerca de US$ 8 milhões aos seus usuários.

Mas afinal, o blockchain não é uma tecnologia segura? Por que acontecem esses ataques, e será que dá para se proteger de hackers? Se você investe em criptomoedas e também está preocupado, continue a leitura e saiba mais sobre o assunto.

Ataque hacker nas criptomoedas: o que aconteceu com a rede Solana?

De acordo com matéria do portal Money Times, por causa de falha na carteira Slope da SOL, as palavras de segurança dos usuários foram enviadas a um servidor centralizado. Isso fez com que fossem drenadas pelos hackers mais de oito mil carteiras de usuários.

Ou seja, a falha foi na carteira da Solana, e não na sua estrutura de blockchain. No entanto, muitos usuários e pessoas que ainda não investem em criptos ficaram inseguras com o ocorrido.

A Chainalysis, empresa que analisa dados em blockchain, informou que o número de ataques hackers a criptomoedas bateu novo recorde no ano passado. Segundo a pesquisa, ao longo de 2021, endereços ilícitos receberam US$ 14 bilhões. O valor foi quase o dobro de 2020, ano no qual essas fraudes totalizaram US$ 7,8 bilhões.

Em comentário ao Crypto Times, Erin Plante, Diretora Sênior de Investigações na Chainalysis, disse na entrevista ao Crypto Times que, apesar desse aumento de crescimento, é preciso destacar que a utilização lícita das criptomoedas nunca foi tão grande como hoje. Além disso, a quantidade de usuários lícitos supera, em muito, a utilização criminosa desses ativos.

“Em todas as criptomoedas rastreadas pela Chainalysis, o volume total de transações cresceu para US$ 15,8 trilhões em 2021, um aumento de 567% em relação aos totais de 2020. Dada essa adoção crescente, não é surpresa que mais cibercriminosos estejam usando cripto. Mas o fato é que o aumento no volume de transações ilegais foi de apenas 79%”, disse Plan ao Crypto Times.

Afinal, por que estão acontecendo tantos ataques às criptomoedas?

Segundo Wanderson Castilho, perito forense digital especializado em blockchain, o mercado de baixa atual favorece o aumento dos ataques hackers. Para ele, pelo fato de as criptomoedas terem sofrido grandes baixas, esse mercado se tornou um dos principais alvos do crime organizado.

“O investidor deste mercado entrou em estado de completo desespero, querendo fazer qualquer negócio para não ter maiores prejuízos. Assim, acabou se tornando um alvo fácil de criminosos”, explicou o perito ao Money Times.

Segundo Castilho, embora haja mais segurança na tecnologia atualmente, é o psicológico do investidor que fica vulnerável. “É a conhecida técnica de engenharia social, e infelizmente as pessoas não se tornaram mais seguras, e sim mais desatentas e com a falsa sensação de segurança. Dessa forma, esquecem que o fator principal de proteção é o usuário”, explica.

Por sua vez, Plante tem opinião diferente do perito. Segundo ela, o mercado de baixa não fomenta os ataques hackers.

“Não acreditamos que os dois estejam relacionados. Por exemplo, os hackers ligados à Coreia do Norte, em particular, vêm aumentando desde o ano passado. Isso não parece estar relacionado aos preços observados no mercado hoje”, contesta Plane.

E tem como se proteger de um ataque hacker nas criptomoedas?

Nesse sentido, Castilho aconselha que sejam aplicados todos os níveis de fatores de segurança recomendados pela plataforma utilizada. Além disso, indica também colocar um número de telefone diferente para cada plataforma, contratar um “guarda-costa digital para sua persona digital” e buscar sempre informações sobre os tipos de golpes que os hackers estão aplicando no momento.

Já Plante observa que o tempo é essencial se uma empresa do setor for vítima de um ataque. Nesse caso, pode fazer muita diferença rastrear os fundos imediatamente.

As coldwallets (carteiras frias) são eficazes na proteção contra hackers?

Segundo a Vantage Market Research, a indústria geral de armazenamento de criptomoedas tem tido um crescimento excepcional por causa do inverno cripto. Nesse sentido, a expectativa é de que superem as corretoras, que devem crescer somente 13% CAGR até 2028. Por sua vez, a evolução do mercado de carteiras de hardware deve apresentar um CAGR de 27% até 2027.

Adam Lowe, Diretor de Produto e Inovação da CompoSecure (empresa por trás da fabricante da carteira fria da Arculus), disse ao Crypto Times que as cold wallets possibilitam aos usuários a autocustódia. Além disso, com as carteiras frias, eles também podem gerenciar todos os seus ativos digitais de forma offline e em um só local.

“As manchetes recentes destacaram alguns dos riscos para os investidores que armazenam todos os seus ativos digitais em exchanges de criptomoedas e sempre incentivamos as pessoas a proteger seus investimentos”, disse Lowe ao portal. Para ele, a segurança e simplicidade de uma cold wallet é uma forma fácil de oferecer flexibilidade e segurança contra um ataque hacker nas criptomoedas.

Outro ponto destacado por Lowe é a necessidade de diversificação dos ativos digitais com uma carteira fria. Isso por causa da atual pressão nos mercados de criptomoedas.

“A auto custódia com carteiras de armazenamento a frio como Arculus é ainda mais atraente e mais crítica para que os usuários tenham total propriedade e controle de seus ativos digitais. Além disso, ela proporciona proteção contra hackers e fraudes. Auto custódia significa que você possui suas chaves privadas – simplesmente isso”, explica o diretor da CompoSecure.

Lowe também alerta para a vulnerabilidade de carteiras quentes, que usam uma conexão contínua com a internet. Isso porque, ao estarem sempre conectadas, essas carteiras mantém a porta aberta para ameaças de hackers e roubos. 

(fonte: Money Times)