No momento em que escrevíamos esse conteúdo, a taxa Selic estava em 13,25% ao ano, pois havia aumentado na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrida em meados de junho.
Em evento do banco Goldman Sachs realizado em maio, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, disse que o ciclo de aumento dos juros poderia de fato finalizar em junho. Mas será mesmo que isso vai acontecer? Confira a seguir o que especialistas pensam a respeito.
Será que a Selic vai parar de subir?
O atual patamar da Selic divide opiniões entre especialistas. Nesse sentido, alguns acreditam que a decisão do Banco Central de aumentar os juros na reunião de junho foi acertada. No entanto, há quem pense que o Copom pesou a mão. Isso porque a aposta geral era de aumento de 0,5 ponto percentual, de forma que aumento de 1 ponto foi, para muitos, um exagero.
(fonte: InfoMoney)
Em entrevista ao portal InfoMoney, Guilherme Abbud – fundador da Persevera Asset Management – declarou estar entre os que pensam ter sido exagerada a medida do Copom. Em suas palavras, “por todas as cicatrizes em relação à inflação no passado, o Brasil acaba sempre exagerando no ciclo de alta e usando muito mais taxa do que precisaria”. Na opinião do gestor, mesmo que não se saiba exatamente qual o patamar ideal dos juros, o BC já poderia ter finalizado o ciclo de alta.
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Em relação aos juros reais projetados para os próximos anos, Abbud afirma já estarem na casa dos 6,5% ao ano. Para ele, isso já seria mais do que suficiente para desaquecer o consumo e segurar os preços.
“Há uma impressão de que os juros reais de equilíbrio no Brasil estão entre 3% e 4% ao ano, e já estamos em mais de 6%”, afirma. “Mas temos fantasmas de hiperinflação do passado, e o trauma é tão grande que, de certa forma, se faz uma escolha por pecar pelo excesso”, afirmou o gestor ao InfoMoney.
Opiniões de mercado divididas
Assim como Abbud, outros gestores temem que o atual patamar da Selic prejudique ainda mais o crescimento do PIB brasileiro. Inclusive, há quem fale em crescimento zero (ou negativo) do PIB nacional para 2023.
Rogério Xavier, da SPX Capital, é um dos gestores que compartilham da opinião de Abbud sobre os juros altos. Para Xavier, o Brasil não tem condições de manter juros reais de 6% por um prazo muito longo. Em recente entrevista ao Valor Econômico, afirmou que não vê vantagem de o Banco Central subir ainda mais os juros.
Já no time de quem concorda com o aperto dos juros, estão economistas como Daniel Weeks, sócio da Garde Asset Management. Na mesma entrevista ao portal InfoMoney, Weeks afirmou que se a alta da Selic fosse excessiva, alguém teria que estar projetando inflação abaixo da meta. “Não consigo ver nos preços do mercado os agentes achando que foi excessiva”, declarou o economista ao IM.
Para Weeks, a alta dos juros se tornou mais intensa justamente porque a inflação se mostrou pior do que o esperado. Nesse sentido, observa que vivemos uma inflação que é global em boa parte. Por isso, a alta generalizada dos preços acaba sendo mais resistente.
O economista ainda que, devido à memória inflacionária do Brasil, o choque de juros tende a ser ainda mais intenso. Ou seja, com a piora das expectativas de inflação, o BC reagiu mais fortemente do que outros bancos centrais ao redor do mundo.
E no que investir nesse momento?
Embora não haja consenso sobre o futuro da Selic, muitos já falam sobre a possibilidade de que a trajetória de alta dos juros já esteja chegando ao fim.
Quando isso acontece, ou seja, quando há expectativa de queda na Selic, os títulos prefixados acabam se valorizando. O oposto ocorre quando a tendência é de alta dos juros.
No momento, investir ou não em prefixados também é algo que divide especialistas. Nesse sentido, Marília Fontes, da Nord Research, declarou ao Estadão que ainda é cedo para investir em prefixados, pois não há sinais firmes de melhora quanto à inflação. Logo, pode ser que o BC suba ainda mais os juros.
“Quando os juros sobem mais do que o mercado espera, os títulos prefixados e indexados à inflação são reprecificados para baixo, e têm prejuízo”, disse Marília ao Estadão.
Se a alta de juros continuar (o que não foi descartado pelo Copom na reunião de junho), os títulos pós-fixados, como Tesouro Selic, podem ser uma opção melhor do que os prefixados. Isso porque eles rendem a variação da Selic, logo o retorno do investidor acaba sendo maior quando os juros sobem.
Já Fabio Louzada, economista e fundador da escola Eu Me Banco, que capacita profissionais para atuação na área de investimentos, acredita que títulos prefixados de prazos mais longos são uma boa alternativa para o momento. Na mesma entrevista ao Estadão, Louzada disse acreditar que a Selic deverá cair para 8%, 7% ou 6% nos próximos meses. Logo, garantir um prefixado que pague cerca de 13% ao ano é um bom negócio.
“No curto prazo, o risco de a inflação passar a taxa do prefixado é maior. Por isso, acredito que o prefixado vale mais no longo prazo”, disse o economista ao Estadão.
No entanto, alerta para os riscos desse tipo de título de longo prazo. “Se você não deixar o dinheiro rendendo até o fim, pode sofrer com a marcação a mercado”, observa.
Se você investe, ou pensa em investir no Tesouro Direto, leia o conteúdo abaixo e entenda como funciona a marcação a mercado. Isso é muito importante para não perder dinheiro e não tomar sustos ao consultar o rendimento desses títulos.
Rentabilidade negativa do Tesouro Direto: o que é e por que acontece? (yubb.com.br)