Ao longo dos anos, a valorização das criptomoedas gerou fortunas no mundo inteiro e continua atraindo cada vez mais investidores. No entanto, antes de ingressar no mundo cripto, é preciso conhecer os riscos desses ativos, que pouco tem a ver com os tradicionais investimentos do mercado financeiro.
Neste conteúdo, falaremos sobre quatro dos principais riscos das criptomoedas: volatilidade, ausência de regulamentação, restrições e impactos ambientais. Portanto, se você está pensando em investir nesses ativos, continue a leitura a seguir!
1 – Alta volatilidade
Quando se fala em investir em criptomoedas, o principal risco apontado por especialistas é a altíssima volatilidade desses ativos. E não é para menos, pois quem acompanha o histórico dos criptoativos percebe que todos eles alteraram os seus preços muitas vezes ao longo do tempo.
Na maioria das vezes, essas oscilações costumam acontecer de forma repentina e bastante acentuada. Nesse sentido, é bem comum vermos criptomoedas valendo menos da metade do preço em poucas semanas, ou até mesmo dias, e isso exige muito preparo psicológico por parte do investidor.
De acordo com a XP Investimentos, a volatilidade anualizada do Bitcoin é mais de duas vezes maior do que a de ativos considerados de alto risco, como o Ibovespa. “Este alto risco reduz a atratividade da cripto na carteira do investidor, pela possibilidade de ocasionar perdas expressivas, bem como dificulta o seu uso como meio de pagamento, uma vez que espera-se estabilidade por parte do usuário no valor de uma moeda”, declarou a corretora ao portal InfoMoney.
Devido à alta volatilidade desses ativos, tem muita gente que busca ganhos especulativos nessas transações. Isso fomenta ainda mais as oscilações nos preços, ainda mais com o aumento de investidores institucionais que vemos a cada ano.
2 – Ausência de regulamentação específica
O que muitos consideram uma vantagem das criptomoedas acaba sendo também um grande risco desse tipo de investimento.
Ao investir em um ativo descentralizado, isto é, que não está sujeito ao controle de autoridades monetárias, você tem mais “liberdade financeira” para dispor do seu dinheiro. No entanto, no caso de ataques hacker ou mesmo de fraudes por parte das próprias corretoras, não há a quem recorrer para ressarcir o prejuízo.
Além disso, não são raros os casos de pirâmides financeiras que envolvem promessas de ganhos milagrosos com criptomoedas. Um exemplo recente, relatado pelo Portal do Bitcoin no final de setembro, foi a investigação feita pela Polícia Federal de um esquema que iniciou em Brasília conduzido por Thiago da Silva Rocha. Segundo informações, Thiago se apresentava como trader e megainvestidor e utilizava o Bitcoin como isca, prometendo ganhos de 3% ao mês. Ao que tudo indica, o golpista pode ter faturado R$ 30 milhões em cima de 20 vítimas.
Portanto, todo cuidado é pouco quando o assunto é investir em criptoativos. Nesse sentido, escolher uma exchange confiável é o primeiro passo para minimizar o risco de perder dinheiro.
3 – Restrições e proibições em alguns países
Muitos países restringem a utilização de criptomoedas, e alguns chegam até mesmo a proibir operações com esses ativos.
No ano passado, a China fechou operações de mineração e determinou que bancos e grandes empresas de pagamento – como a Alipay – não negociassem com empresas de criptomoedas. Pouco tempo depois, foi a vez do Reino Unido proibir a Binance, uma das maiores exchanges do mundo, de fazer qualquer operação e propagandas em território britânico.
No final de 2021, o último relatório do Global Legal Research Directorate (GLRD) mostrou que as criptomoedas enfrentavam algum tipo de restrição em 51 países. Segundo o estudo, há nove países que proibiram totalmente esses ativos: China, Bangladesh, Argélia, Egito, Iraque, Qatar, Nepal e Tunísia. Quanto a proibições implícitas, a lista inclui 42 países, entre eles Indonésia, Equador, Bolívia, Líbano, Maldivas, Arábia Saudita, Turquia, Senegal, entre outros.
O relatório do GLRD é uma atualização da publicação de 2018. O que se observa na versão atual é que a quantidade de países que restringiu ou proibiu as criptomoedas aumentou consideravelmente. Em 2018, havia 8 países com proibição absoluta e 15 com proibição implícita. Em 2021, esses números passaram para 9 nações com proibição absoluta e 42 com proibição implícita.
4 – Impacto ambiental
A questão ambiental também é um dos grandes riscos das criptomoedas, pois ela está sempre presente quando o assunto é a mineração desses ativos.
Um artigo publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos (RS) mostrou que, entre 2016 e 2021, a mineração de Bitcoin causou danos ambientais superiores a 12 bilhões de dólares. Isso gerou danos maiores ao meio ambiente do que os causados pela pecuária e comparáveis aos que trazem a extração de petróleo no mundo. De acordo com o portal, essas informações fazem parte do trabalho dos pesquisadores Benjamin A. Jones, Andrew L. Goodkind e Robert P. Berrens da University of New Mexico, publicado em 29 de setembro de 2021 pelo Journal Scientific Reports.
“Esses danos ambientais decorrem do fato que a mineração de bitcoins exige um volume enorme de computação, que em 2020 consumiu mais energia elétrica do que toda a Áustria – foram 75,4 terawatts (TWh).Os estudos descobriram que as emissões de CO2, produzidas pelo processo de mineração de cada bitcoin, aumentaram 126 vezes ao longo do tempo, de 0,9 toneladas em 2016 para 113 em 2021, pois cada vez mais computação é necessária para extração de cada BTC”, cita o artigo.
Na mesma publicação, Vivaldo José Breternitz, doutor em Ciências pela USP e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas, fala sobre as expectativas para o meio ambiente em relação às criptomoedas.
“Espera-se que a mineração de bitcoins possa se tornar menos danosa ao meio ambiente, talvez pela adoção de novos processos, como os adotados pela Ethereum, plataforma que tem a segunda criptomoeda mais popular, que anunciou ter há algumas semanas adotado um novo modelo de mineração, que traria uma redução de 99,9% no consumo de energia elétrica”, diz Breternitz.