Se você acompanha o mundo cripto, provavelmente já sabe que a rede Ethereum (ETH) está passando por uma grande atualização no seu sistema. Esse evento se chama The Merge e, segundo a própria rede, aconteceu entre 10 e 20 de setembro deste ano. Inclusive, há quem diga que essa transição é a mais importante da história do Ethereum.

Neste conteúdo, a gente vai te explicar o que exatamente o que significa esse processo e quais as melhorias que ele se propõe a trazer para a rede Ethereum. Continue a leitura e confira a seguir!

The Merge: como essa atualização muda a rede Ethereum?

Para facilitar o entendimento do The Merge, é interessante relembrarmos algumas características da rede Ethereum.

O ETH é o segundo criptoativo mais importante do mundo, atrás apenas do pioneiro Bitcoin (BTC). Essa rede entrou em funcionamento em 2015, e é considerada uma evolução do BTC porque contempla funcionalidades que a pioneira não possui.

Uma das principais diferenças entre Ethereum e Bitcoin é o objetivo e aplicabilidade. Nesse sentido, podemos afirmar que, enquanto o BTC é uma criptomoeda, o ETH é uma tecnologia que possibilita a criação de inúmeras aplicações por meio dos smart contracts (ou contratos inteligentes).

A adaptabilidade da rede Ethereum fez com que ela servisse de base para diversos projetos de outras criptomoedas, e isso aconteceu de forma muito rápida. Atualmente, estima-se que cerca de 80% desses projetos sejam criados nessa rede. Daí a importância de qualquer grande modificação no ETH, pois ela impacta quase todo o mercado de criptoativos.

Outra diferença entre BTC e ETH é a forma como hoje encontramos as criptomoedas na rede. Durante algum tempo, Ethereum utilizou a mineração, da mesma forma que o Bitcoin. No entanto, para aumentar a capacidade de processamento de dados, a rede Ethereum passou a utilizar a prova de participação (proof of stake – PoS). Por sua vez, o PoS exige depósitos dos validadores, que funcionam como uma garantia de idoneidade no processo. Isso passou a diferenciar a rede do Bitcoin, que permanece utilizando a prova de trabalho (proof of work – PoW), processo que envolve a resolução de equações matemáticas.

Funcionamento do The Merge

Traduzida do inglês, a expressão significa “fusão”. Como o nome diz, o objetivo do The Merge é unir a sua blockchain original, que utilizava o sistema PoW, com a atual, que funciona com PoS. Como vimos, na prova de participação, os validadores da rede travam tokens ETH. Dessa forma, são remunerados a cada nova validação que realizam.

Na verdade, o The Merge já estava previsto desde a criação da rede Ethereum. No entanto, esse evento foi diversas vezes adiado, pois a tecnologia para o processo ainda não estava totalmente desenvolvida.

Na prática, algumas das mudanças importantes que essa atualização trará são as seguintes:

Aumento da velocidade e do número de transações no longo prazo

Essa é uma das principais vantagens que o merge tratá ao Ethereum. Atualmente, a capacidade de processamento da rede é muito menor do que a de criptomoedas concorrentes. Por exemplo, a cripto Solana (SOL), que também utiliza o PoS, teoricamente consegue realizar centenas de transações por segundo. Por sua vez, na Ethereum, esse número não passa de quinze.

Segundo especialistas, o aumento da velocidade e da quantidade de transações não serão percebidos imediatamente pelos usuários. No entanto, no médio e longo prazo, The Merge irá facilitar o sharding, que é uma fragmentação do banco de dados.

Quando um banco de dados é muito grande, dividi-lo em partes menores facilita o gerenciamento de todas elas. Um exemplo para entender o sharding é quando uma empresa possui clientes em várias regiões. Quando ela agrupa esses clientes de acordo com o local de origem, consegue gerenciar a sua carteira de forma mais fácil.

Redução do consumo de energia da rede

Uma das grandes críticas ao Bitcoin é o altíssimo consumo de energia da mineração proof of work. Já no caso do PoS, como não existem equações a serem resolvidas, não há necessidade de milhares de mineradores ficarem horas usando computadores superpotentes. Logo, isso reduzirá significativamente o consumo de energia da rede. Segundo a Ethereum, a estimativa é de que a economia de energia ultrapasse 90% com o merge.

Recompensas menores para os validadores

O proof of stake acaba com a complexidade da validação, pois não é mais preciso ficar horas tentando resolver equações matemáticas. Consequentemente, a recompensa para os mineradores também ficou menor.

Antes do merge, cada bloco minerado dava direito a dois ETH mais taxas de prioridade. Com a atualização, os validadores passaram a receber 0,2 ETH além das taxas.

Redução na inflação da rede

Para viabilizar o sistema de proof os stake, os mineradores precisam travar tokens ETH como garantia. Dessa forma, acaba reduzindo o número desses criptoativos em circulação, o que também diminui as suas negociações diárias. 

O que acontecerá com as criptomoedas depois do merge?

Em um mercado tão volátil quanto o das criptomoedas, não dá para estimar o que uma atualização tão importante como essa pode ocasionar. Por enquanto, o que  especialistas acreditam é que o processo reduza a quantidade de Ether no mercado.

Em entrevista ao Nubank, Lucas Santana, da Hashdex, acredita que a emissão de novos tokens ETH caia cerca de 90%, justamente porque reduzirá o custo do validador. “Hoje, o estoque da criptomoeda cresce entre 4,5% e 5% ao ano. Com o merge, vai crescer entre 0,45% e 0,5% ao ano”, afirmou o especialista.

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